Sífilis congênita no Brasil e regiões: análise epidemiológica de 2009 a 2018
Palavras-chave:
Sífilis Congênita, Epidemiologia, BrasilResumo
A sífilis é uma doença bacteriana, que também pode ser disseminada verticalmente, culminando na Sífilis Congênita (SC). Apesar de prevenível, a SC ainda se configura como importante problema de saúde pública no Brasil, sendo a segunda maior causa de morte fetal evitável no mundo. É um agravo de notificação compulsória que compõe a triagem pré-natal, visando reduzir desfechos negativos. Objetivou-se analisar os casos notificados de SC no Brasil e regiões, entre 2009 e 2018. Trata-se de um estudo ecológico, realizado a partir do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Foram coletados os casos notificados de SC no Brasil, entre 2009 e 2018, sendo analisados: faixa etária, escolaridade, raça/cor, momento do diagnóstico e tratamento de sífilis materna, realização de pré-natal e óbitos em menores de um ano. Foram notificados 156.456 casos de SC no Brasil, com maior frequência na região Sudeste (43,1%) e menor na região Centro-Oeste (5,4%). Houve aumento do número de nascidos vivos com SC (de 2 para 9/1.000 nascimentos), exceto nas regiões Centro-Oeste e Norte, que passaram de 2 para 6/1.000 e 7/1.000, respectivamente. De 2013 a 2018, a maioria das mulheres não tratadas tinham entre 20-29 anos (62,7%), declararam-se pardas (67,2%) e com baixa escolaridade (28,9%). Em 2018, 81% das gestantes realizaram pré-natal, momento em que 57,6% receberam o diagnóstico, enquanto 31,8% descobriram apenas durante o parto/curetagem. Das gestantes diagnosticadas, apenas 36,8% foram adequadamente tratadas, enquanto 59,2% receberam tratamento inadequado e 30,4% não receberam tratamento. Nos últimos dez anos, a taxa de mortalidade infantil por SC aumentou 272,7%. Apesar do aparente aumento na cobertura do pré-natal, o contínuo crescimento dos casos de SC aponta para uma insatisfatória qualidade da assistência, refletindo no diagnóstico tardio e na falha de tratamento parental. Frente às desigualdades sócio regionais do país, medidas preventivas mais eficazes tornam-se necessárias.