Tentativa de suicídio por intoxicação exógena: panorama sociodemográfico brasileiro dos últimos anos
Palavras-chave:
Atenção primária à saúde, Tentativa de Suicídio, IntoxicaçãoResumo
O suicídio, seja o ato consumado ou sua tentativa, configura-se como um importante problema de saúde pública. A intoxicação exógena representa o segundo meio mais utilizado para praticar esta violência autodirigida. Nesse contexto, a Atenção Básica, com enfoque para o cuidado integral, torna-se indispensável para o reconhecimento, acolhimento e prevenção de novos casos de tentativas ou consumação de autocídio. Objetivou-se analisar o perfil sociodemográfico das tentativas de suicídio por intoxicação exógena no Brasil e em suas regiões, nos últimos cinco anos. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, descritivo, realizado através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS), de 2015 a 2020. Foram analisados gênero, raça e faixa etária dos casos de tentativa de suicídio por intoxicação exógena. Dispensa-se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos e sem identificação dos participantes. Dos 295.895 casos de tentativa de suicídio por intoxicação exógena no Brasil, 73,3% (n=217.048) eram mulheres. Com relação à raça, houve predomínio de brancos (47,1%, n=139.398) e pardos (33,7%, n=99.812). No que tange à idade, a faixa etária de 40-59 anos prevaleceu (49,6%, n=146.762), seguida da faixa de 15-19 anos (20,5%, n=60.610). Analisando as regiões brasileiras, o Sudeste apresentou 50,2% das notificações (n=148.462), seguido pela região Sul com 23,5% (n=69.542). Esses dados corroboram com o perfil descrito na literatura no que tange à idade, raça e gênero. Ao analisar as regiões brasileiras, o comportamento evidenciado diverge dessa literatura, onde anteriormente a região Sul figurava como aquela com maior número de notificações. Em conclusão, das tentativas de suicídio analisadas, evidenciou-se maior prevalência entre mulheres, brancas, adultas, com mais de 40 anos, residentes no Sudeste do país. Esse estudo reforça a necessidade de aprimoramento de políticas públicas que auxiliem na identificação e intervenção em situações de risco para o suicídio, contribuindo na diminuição dos casos.