Projeto de territorialização em comunidades ribeirinhas: um relato de experiência
Keywords:
Atenção primária à saúde, Acesso aos Serviços de Saúde, Pequenas Comunidades, Território SocioculturalAbstract
Compreender a saúde, enquanto processo, interligado a questões sociais, políticas, culturais e ambientais, faz-se imprescindível para a promoção da saúde. Desse modo, a territorialização surge como auxílio para a Atenção Primária em Saúde (APS), visando identificar o espaço em sua total complexidade. Ao referenciar comunidades ribeirinhas e rurais, o acesso aos serviços de saúde ainda ocorre desigualmente, seja por questões relacionadas à infraestrutura, seja por características sociais intrínsecas. Logo, a territorialização dessas comunidades revela-se uma ferramenta fundamental para o enfrentamento de suas vulnerabilidades e problemas. Trata-se de um relato de experiência sobre um projeto de territorialização, vivenciado pela Liga Acadêmica de Medicina da Família e Atenção Primária, em comunidades ribeirinhas do Vale do Rio de Ondas, no município de Barreiras – Bahia. Da iniciativa dialógica com a comunidade (apoiados pela Fundação Mundo Lindo), o projeto objetivou conhecer a população e os principais determinantes sociais que influenciam no acesso e parâmetros de saúde. Comprometidos em lapidar e analisar a sobressaliência dos determinantes sociais, destacou-se um raio de 35 km, com 29 comunidades, que se tornaram foco de visitas semanais desde a fundação da liga, em abril de 2018. Nos processos ativos de visita, durante o diagnóstico comunitário, houve aprendizados objetivos – um melhor entendimento acerca da execução da territorialização – e subjetivos – a percepção de vulnerabilidades sociais, da construção de relações interpessoais, confiança e acolhimento mútuo – em um cenário de distanciamento dos cuidados de saúde. Assimilou-se como a saúde se organiza de forma orgânica, dialogicamente com o espaço, e como as vulnerabilidades sociais são constructos históricos. Os resultados promissores evidenciam a importância dessa ferramenta para essas comunidades. Tratou-se de um intercâmbio de conhecimentos e experiências, em que os acadêmicos obtiveram conhecimentos objetivos e subjetivos com a comunidade, e esta pôde sentir-se assistida. Buscar garantir a universalidade de acesso à saúde deve ser, sempre, uma prioridade.