Experiência de estudantes e preceptores do internato de medicina no atendimento à pessoa com comportamento suicida
DOI:
https://doi.org/10.34019/1809-8363.2021.v24.35032Palavras-chave:
Autoagressão, Educação Médica, Preceptoria, Internato médicoResumo
A relação médico-paciente nasce imersa na cultura e carrega construções que refletem valores de ambos os envolvidos. A clínica centrada na pessoa tem um dos pilares na empatia, que também abre caminho para envolvimento afetivo e juízos. No atendimento à pessoa com comportamento suicida, questões da relação médico-paciente parecem potencializadas. O ensino do tema se dá principalmente pela psiquiatria e se reflete no cuidado. Este artigo é resultado de um estudo qualitativo desenvolvido a partir de entrevistas com estudantes e preceptores do internato de emergência em uma Unidade de Pronto Atendimento de Curitiba. Os resultados mostraram que questões estruturais, afetivas, juízos, articulação da rede etc. impactam no manejo e no cuidado oferecido e que um lugar secundário é dado à escuta, à privacidade e à autonomia. Diante da alta demanda, poucos profissionais identificam a importância da urgência e da emergência na linha de cuidado do comportamento suicida. Modelos de relação aprendidos e reproduzidos, a falta de espaço de discussão das emoções envolvidas nesses atendimentos e de conceitos como acolhimento, integralidade, medicina centrada na pessoa e cuidado compartilhado também estão presentes. A articulação da rede praticamente não incluiu a Atenção Básica. O ambiente de formação, em uma perspectiva positiva, pode ser um ponto importante para a quebra desse ciclo.