Cinema e Feminismos: (des)construindo Gêneros no Cinema e Audiovisual
O fortalecimento dos estudos de gênero (gender) e a agenda feminista por equidade, a crítica à escopofilia e objetificação dos corpos de mulheres, promoveram importantes mudanças nas estruturas narrativas audiovisuais. Paralelamente, notamos a emergência de novos formatos e gêneros (genre) em filmes e séries, que tensionam, deslocam e reformulam o gênero cinematográfico, propondo hibridizações e desconstruções na/da própria narrativa.
No contexto audiovisual contemporâneo, aquilo que se considera como sendo produção de mulheres representa um mercado mundial potente. Por sua vez, as mulheres passam a assumir posições de tomada de decisão na cadeia de produção do audiovisual como produtoras, empresárias, críticas e curadoras, para além das funções criativas (direção, roteiro, fotografia, atuação etc.). Estas relações implicam em um espaço de criação que desconstrói estereótipos e (re)inventa narrativas.
Nosso dossiê propõe refletir sobre estas interações, relações, intersecções, transformações, limites, alcances, delírios e sonhos que se esboçam na e através da produção audiovisual de mulheres caleidoscópicas, diversas e plurais, que disputam protagonismo nestes primeiros vinte anos do século XXI.
São bem-vindas análises, reflexões teóricas e propostas metodológicas transdisciplinares a partir das questões abaixo sugeridas, mas não somente:
- Como discutir tecnologias de produção, edição, disposição e comercialização das imagens, dos discursos, das teorias e das críticas audiovisuais, que contemplem as questões de genre e de gender?
- Até que ponto as transformações na representação da mulher e do feminino como protagonistas deslocam imaginários e instigam novas sensibilidades de gênero, e feminilidades, diversidades e representatividades?
- Para além de protagonismos e visibilidades, é importante perguntarmos como esses regimes, representações e economias do olhar e do mostrar disputam e potencializam a emergência de subjetividades emancipadas, autônomas e não hierarquizadas, nas quais as relações de gênero rompem a linearidade e normatividade hetero-cis-patriarcal?
- Que horizontes estéticos e políticos os produtos audiovisuais contemporâneos promovem em termos da descolonização, descontextualização e descentralização do olhar hegemônico e ocidental sobre as mulheres? Quais concepções de mulher e qual amplitude da diversidade feminina é abarcada por este mercado?
- Quais as imbricações entre estas conquistas de mercado e mudanças nas configurações estético-políticas das iniquidades de gêneros, étnico-raciais, classes, línguas, espaços geográficos e identidades culturais no audiovisual?
Luiza Lusvarghi (Unicamp)
Karla Bessa (Unicamp)
Jusciele Oliveira (UFBA)
Equipe Editorial Zanzalá
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