A história genealógica e a historicidade das ciências
Aproximações e distanciamentos teórico e filosóficos entre Foucault e Auroux
Palavras-chave:
História e linguagem, Genealogia, Historicidade das ciências, Auroux, FoucaultResumo
Esse artigo discute duas tomadas conceituais de história dentro da produção de conhecimento linguístico-discursivo: a genealogia e a historicização das ciências. Ao discutir o conceito de história nos trabalhos de Michel Foucault e de Silvain Auroux, o artigo se propõe a descrever dois caminhos possíveis para o estudo histórico no campo da linguagem e do discurso, comparando suas diferenças de perspectivas e ganhos éticos e epistêmicos. Entre as conclusões, pode-se assinalar que, embora Foucault e Auroux se aproximem no interesse pelo acontecimento e no rechaço pela origem como fonte de sentido, eles se afastam em suas concepções de verdade, autoria e no que tange à continuidade/descontinuidade dos acontecimentos históricos.
Downloads
Referências
ALENCAR, C. N. de. O amor de todo mundo, palavras-sementes para mudar o mundo: gramáticas de resistência e práticas terapêuticas de uso social da linguagem por coletivos culturais da periferia em tempos de crise sanitária. DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 37, n. 4, 2022. DOI: 10.1590/1678-460x202156109.
AQUINO, J. E. O horizonte de projeção da gramatização brasileira no século XIX. In: AQUINO, J. E. (Org.). Seis ensaios em História das Ideias Linguísticas. São Carlos: Pedro & João; EDUFT, 2024. p. 15-54.
AUROUX, S. A historicidade das ciências. In: AUROUX, S. A questão da origem das línguas seguido de A historicidade das ciências. Campinas: RG Editores, 2008.
AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Trad. Eni Orlandi. Campinas: Editora Unicamp, 1992.
AUROUX, S. Filosofia da linguagem. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2009.
AUROUX, S. Os modos de historicização. Tradução Jacqueline Léon e Marli Quadros Leite. Todas as Letras – Revista de Língua e Literatura, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 1-12, jan./abr. 2021. DOI 10.5935/1980-6914/eLETLL216745.
BONFANTE, G. M. Genealogia do sexo no pelo: uma revisão bibliográfica das vontades de verdade sobre a prática do bareback. VEREDAS – Revista de Estudos Linguísticos, v. 26, p. 1-17, 2022. DOI: https://doi.org/10.34019/1982-2243.2022.v26.38453.
COLOMBAT, B.; FOURNIER, J.-M.; PUECH, C. Uma história das ideias linguísticas. Trad. Jaqueline de Leon e Marli Quadros. São Paulo: Contexto, 2017.
CUSICANQUI, S. R. Um mundo ch’ixi é possível: ensaios de um presente em crise. Trad. Sue Iamamoto. São Paulo: Elefante, 2024.
EVARISTO, C. A escrevivência e seus subtextos. In: DUARTE, Constância Lima; NUNES, Isabella Rosaldo (Org.). Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo. Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020. p. 26-46. Disponível em: https://www.itausocial.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Escrevivencia-A-Escrita-de-Nos-Conceicao-Evaristo.pdf.
FOUCAULT, M. A linguagem ao infinito. In: FOUCAULT, M. Ditos e escritos III: Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. p. 47-59.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2014 [1971a].
FOUCAULT, M. Genealogia e poder. [1976]. In: FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Ed. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015. p. 262-277.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. FOUCAULT, M. História da sexualidade III: o cuidado de si. São Paulo: Paz & Terra, 2014 [1984].
FOUCAULT, M. Nietzsche, a genealogia e a história. [1971b]. In: FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Ed. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015. p. 55-86.
FOUCAULT, M. O que é um autor? Lisboa: Vega, 1992 [1969].
FOUCAULT, M. Verdade e poder. [1977]. In: FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Ed. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015. p. 35-54.
GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. Porto Alegre: L&PM, 2010.
hooks, b. A teoria como prática libertadora. In: hooks, b. Ensinando a transgredir. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
MARIANI, B. Colonização linguística. Campinas: Pontes, 2004.
MILNER, J.-C. O amor da língua. Trad. Paulo. S. Souza Júnior. Campinas: Editora Unicamp, 2012.
NUNES, J. H. Uma articulação da análise de discurso com a História das ideias linguísticas. Letras, n. 37, p. 107-124, 2008. DOI: https://doi.org/10.5902/2176148511982.
ORLANDI, E. P. Processo de descolonização linguística e lusofonia. Línguas e Instrumentos Linguísticos, v. 10, n. 19, p. 9-19, 2007. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/lil/article/view/8659723.
RODRÍGUEZ-ALCALÁ, C. Escrita e gramática como tecnologias urbanas: a cidade na história das línguas e das ideias linguísticas. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 53, n. 2, p. 197-217, 2011. DOI: https://doi.org/10.20396/cel.v53i2.8636988.
RUFINO, L. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.
SILVA, D. F. Homo modernus: para uma ideia global de raça. Trad. Jess Oliveira e Pedro Daher. Rio de Janeiro: Cobogó, 2022.
SOARES, M. História e linguagem: uma perspectiva discursiva. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 27, p. 1-6, jul. 1998.