Amélia Mingas e a construção de um capítulo da história linguística de Angola
Breves discussões sobre gênero e o papel da mulher na sociedade angolana
Resumo
O presente ensaio tem como objetivo apresentar dois textos produzidos pela linguista angolana Amélia Mingas - “A contribuição das línguas nacionais na alfabetização/promoção da mulher” (2001) e “O pretuguês, o português em/de Angola – “é o problema que estamos com ele”” (2018). Interessa-me, aqui, explicitar como a autora discute o papel da mulher na sociedade de Angola considerando a língua portuguesa e as línguas nacionais que são faladas no país, relacionando, assim, língua e a categoria gênero, mostrando o pioneirismo do trabalho de Mingas ao abordar essa discussão. Desse modo, busco, mesmo que de forma preliminar, apontar como a produção intelectual de Mingas é parte da construção de uma história linguística de Angola, ainda em fase de (re)conhecimento de seus atores e, num espectro mais amplo, como é parte de uma história linguística transatlântica e de uma historiografia linguística decolonial que busca romper com um paradigma tradicional.
Downloads
Referências
CÁ, L. O. Cultura escolar e os povos coloniais: a questão dos assimilados nos países africanos de língua official portuguesa (PALOP). Educação Temática Digital, Campinas, v. 13, n. 1, p. 207-224, 2011.
CASTRO, Y. P. A invisibilidade das línguas negro-africanas no português brasileiro. Kulambela, n. 12, v. 4, p. 1-8, 2017.
COELHO, O. Historiografia Linguística Decolonial. In: LEITE, M. Q.; HACKEROTT, M. M. S.; SIQUEIRA,
C. C. (Org.). Tópicos em Historiografia Linguística: das práticas linguísticas à meta-historiografia. Sao Paulo: Edusp, 2023. v. 1, p. 162-175.
COELHO, O.; FINBOW, T. Apontamentos para uma história linguística transatlântica e descolonizada do português do Brasil: o contato e a diversidade em foco In: VIEIRA, F. E.; BAGNO, M. (Org.). História das línguas, histórias da Linguística. São Paulo: Parábola, 2020. p. 61-84.
COELHO, O.; SANTOS, E. F. Macedo Soares, Amélia Mingas e a Historiografia Linguística Transatlântica. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 64, p. 1-16, 2022.
GONZALEZ, L. A mulher negra na sociedade brasileira: uma abordagem político-econômica. In: GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano. Org. Flavia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. p. 49-64.
GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano. Org. Flavia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. p.75-93.
LUGONES, M. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 27-53.
MATA, I. Epistemologias do “colonial” e da descolonização linguística: uma reflexão a partir de África. Gragoatá, v. 24, n. 48, p. 208-226, 2019.
MINGAS, A. A contribuição das línguas nacionais na alfabetização/promoção da mulher. Workshop sobre Alfabetização e Autonomização da Mulher, Luanda, Angola, 2001.
MINGAS, A. O pretuguês, o português em/de angola – “é o problema que estamos com ele”. Manuscrito. 2018.
OLIVEIRA, H. T.; SEVERO, C. Intelectuais, lutas de resistência e línguas em Angola. Transversos, n. 15, p. 127-140, 2019.
SANTOS, E. F. A contribuição de Amélia Mingas para uma história linguística angolana: contextualizações iniciais. Revista da Abralin, v. 20, n. 3, p. 574-585, 2021.
SANTOS, V. I. A situação da mulher angolana uma análise crítica feminista pós-guerra. Mandrágora, v. 16, n. 16, p. 39-62, 2010.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, 1995.
SEVERO, C.; MAKONI, S. Políticas linguísticas Brasil-África: por uma perspectiva crítica. Florianópolis: Insular, 2015.
ZAU, D. A língua portuguesa em Angola: um contributo para o estudo da sua nacionalização. 2011. Tese (Doutorado) – Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2011.