Uma análise fenomenológica da experiência interativa com o filme Black Mirror

bandersnatch

Abstract

Este artigo apresenta um estudo sobre a dupla experiência do sujeito que, como espectador e usuário, interage com a quebra do flow (estado de consciência harmoniosamente ligada a uma atividade executada com confiança e concentração, obtendo prazer em realizá-la) ao assistir ao filme Bandersnatch, da série Black Mirror. Trata-se da primeira produção audiovisual interativa produzida para o público adulto pela empresa Netflix e distribuída na sua plataforma de streaming. A partir da fundamentação teórica e dos depoimentos de dois sujeitos auxiliares da pesquisa, considerou-se os efeitos da interação do espectador da narrativa audiovisual que, também, deve agir como usuário do sistema tecnológico-digital. A abordagem fenomenológica é adotada no procedimento de análise, sendo que o conceito de “fluxo” (flow) é central na estruturação teórica do estudo. Como principal resultado, evidencia-se a inadequação decorrente da dupla função do sujeito como expectador e usuário- interativo, porque a atuação requerida na experiência interativa rompe com o fluxo imersivo do expectador na diegese estético-narrativa do filme.