A relação entre a experiência do escuro e a produção de sentido
Palavras-chave:
Teoria do silêncio, Escuro, Experiência imersivaResumo
O presente artigo aborda, em caráter introdutório, a relação entre ambiente e linguagem na experiência do escuro, utilizando como base teórica linhas de pensamento filosófico como a fenomenologia de Merleau-Ponty, a hegemonia da visão de Pallasmaa, a teoria do silêncio de Orlandi, e o estruturalismo de Barthes, dentre outras. O estudo visa entender se e como a experiência imersiva com a privação de um dos sentidos afeta os processos de significação do indivíduo. Dos anos 1980 para os dias atuais, as funções cognitivas deixaram de ser consideradas mecanismos puramente intelectuais para darem espaço a uma abordagem que integra a corporalidade e o meio em que o indivíduo está inserido. Neste estudo, a noção de percepção desenvolvida na fenomenologia de Merleau-Ponty é utilizada para apresentar a relação entre ambiente e linguagem. Partimos do pressuposto que o ambiente físico funciona como contexto mental para os processos de significação dos indivíduos inseridos nele. Consideramos ainda que, nos processos de significação, a palavra e a imagem atuam da mesma maneira, domesticando o sentido. Tendo como referência o estudo de Eni Orlandi sobre o silêncio, propomos uma abordagem do escuro como espaço de subjetividade, como incompletude necessária para o trabalho da imaginação na produção de sentido.