A percepção do tempo em Agostinho, Śaṅkarācārya e Caetano Veloso
DOI:
https://doi.org/10.34019/2237-6151.2025.v22.48455Palavras-chave:
Tempo. Percepção. Impermanência. Filosofia.Resumo
O seguinte trabalho propõe uma análise comparativa entre três abordagens distintas sobre o tempo: a teológica de Agostinho, a metafísica de Śaṅkarācārya no contexto do Vedanta, e a poética contemporânea de Caetano Veloso em Oração ao tempo. Agostinho percebe o tempo como uma construção subjetiva, articulada por ambas: memória e expectativa, sendo o presente o único instante real. Para ele, o tempo revela-se como um enigma psicológico e teológico, intimamente relacionado à criação divina. Já Śaṅkarācārya, dentro do Advaita Vedanta, percebe o tempo como ilusão (māyā), que obscurece a percepção do Brahman, a realidade última. A libertação espiritual, nesse caso, se liga à superação dessa ilusão temporal, entendendo o tempo como manifestação do Uno e não como sucessão linear. Por fim, Caetano, que através da música ressignifica o tempo como criador e destruidor, contínuo e transitório. Sua letra propõe uma reflexão sobre a impermanência e a relação entre o tempo e o ser. Ao unir filosofia, espiritualidade e arte, o trabalho busca destacar a complexidade do tempo como experiência comum e plural.
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