Em face de uma perspectiva conservadora:
entre a liberdade do Livro dos Espíritos e a manutenção de um status quo da cultura brasileira
DOI:
https://doi.org/10.34019/2237-6151.2024.v21.46321Palabras clave:
Modernidade. Kardecismo. Individualismo. Conservadorismo. Roustainguismo.Resumen
O espiritismo brasileiro, quando introduzido no século XIX, foi amplamente considerado uma proposta progressista e emancipadora. Baseado nas ideias de Allan Kardec, o espiritismo visava conciliar ciência, filosofia e religião, promovendo o progresso moral e intelectual da humanidade. Contudo, ao longo do tempo, observou-se que muitos segmentos do movimento espírita no Brasil passaram a adotar posturas mais conservadoras, especialmente em questões relacionadas às mudanças sociais e políticas. O objetivo deste estudo é investigar as motivações e influências que sustentam essa ruptura entre o espiritismo de caráter progressista do Livro dos Espíritos e sua adaptação conservadora no Brasil. A questão central que buscamos compreender é como e por que essa dualidade se manifesta. Para isso, utilizamos uma metodologia baseada em levantamento bibliográfico em redes midiáticas, priorizando discursos e estudos relevantes, além de uma consulta sistemática a referências especializadas. Uma conclusão importante deste trabalho é a identificação de uma tendência conservadora na prática dos valores espíritas, que ajusta o discurso kardequiano, desviando o foco da transformação social cotidiana e cidadã para uma evolução espiritual futura, legitimando, no presente, a preservação de estruturas e valores considerados essenciais para a estabilidade social.
Descargas
Citas
ALONSO, Ângela. Ideais em movimento – A geração 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
AUBRÉE, Marion; LAPLANTINE, François. A mesa, o livro e os espíritos. Gênese, evolução e atualidade do movimento social espírita entre França e Brasil. Maceió: EdUFAL, 2009.
BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil: contribuição a uma sociologia das interpenetrações de civilizações. Tradução de Maria Eloisa Capellato e Olívia Krahenbuhl. São Paulo: Pioneira,1960.
BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. São Paulo: Editorial, 2017.
CAMPOS, Huberto de. (Espírito). Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. [Psicografado por] Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1938.
COELHO, Antônio Carlos. De progresso a evolução espiritual: uma contribuição da codificação espírita para o diálogo inter-religioso. 2018. 205 f. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, Belo Horizonte, 2018.
CHAUI, Marilena A nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
CONDORCET, Jean-Antoine-Nicolas de Caritat. Esboço de um quadro histórico dos progressos do espirito humano. Unicamp, 2013.
COUTINHO, J. P. As ideias conservadoras: explicadas a revolucionários e reacionários. São Paulo: Três Estrelas, 2014.
FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Globo; Publifolha, 2000.
FERREIRA, Gabriela Nunes; BOTELHO, André. Revendo o pensamento conservador. In: FERREIRA, Gabriela Nunes; BOTELHO, André (Orgs.). Revisão do pensamento conservador: ideias e política no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2010.
Fev/2008.
GIDDENS, Anthonv. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
GIRARDET, Raoul. Mitos e mitologias políticas. São Paulo: Cia das Letras, 1987.
GOMES, Grazielle Reis de Morais. Bases do pensamento social espírita kardecista. Contemporânea, v. 3, n. 8, 2023, p. 13190 – 13221.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A razão na história: uma introdução geral à filosofia da história. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2001.
HOBSBAWN, Eric. A invenção das tradições. Tradução de Celina Cardim Cavalcante. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
HOLANDA, Emanuel Antunes da Silva. O movimento espírita brasileiro na década de 1930: a obra “brasil, coração do mundo, pátria do evangelho” como instrumento de unificação e legitimação política. Disponível em:https://www.historiaeparcerias.rj.anpuh.org/resources/anais/19/hep2021/1635520808_ARQUIVO_709e728bf95468148610662ca8b67361.pdf>. Acessado em 15 Jul 2014.
INCONTRI, Dora. Pedagogia Espírita: Um Projeto Brasileiro e suas Raízes Histórico-Filosóficas. 2001. 340 f. Tese (Doutorado em História e Filosofia da Educação) – São Paulo: USP, 2001.
JUNGBLUT, Airton Luiz. Globalização e religião: Efeitos do pluralismo global no campo religioso contemporâneo. Civitas, Porto Alegre, v. 14, n. 3, p. 419-436, set.-dez. 2014.
KANT, Immanuel. Crítica a razão pura. Tradução Kritik Der Reinen Vernunft. Lisboa: Calouste Gulbenklan, 2001.
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Brasília: FEB, 2013.
KARDEC, Allan. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, [1861].
LAIDLER, Christiane Vieira. Disputas Oligárquicas e Participação popular na República Velha, in: Nilo Peçanha e o Rio de Janeiro no cenário da Federação. Niterói: FUNARJ/Imprensa Oficial, 2010.
LEWGOY, Bernardo. A transnacionalização do espiritismo kardecista brasileiro: uma discussão inicial. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v 28, n.1, p 84-104,
MATOS, Alessandro Nicoli. Conservadorismo: entenda o conceito em 4 pontos. Disponível em: <https://www.politize.com.br/autores/alessandro-nicoli-de-mattos/>. Acessado 23 Fev 2023.
MIGUEL, Sinuê Neckel. Disposições políticas no espiritismo brasileiro: entre “neutralidade” conservadora e aspirações socialistas. SÆCULUM – Revista de História [v. 25, n. 42]. João Pessoa, p. 86-104, jan./jun. 2020.
MERCADANTE, Paulo. A consciência conservadora no Brasil: contribuição ao estudo da formação brasileira. Rio de Janeiro: Saga, 1965.
NISBET, Robert. O conservadorismo. Tradução M. F. Gonçalves de Azevedo. Lisboa: Editorial Estampa, 1987.
OAKESHOTT, Michael. Ser conservador. Tradução Rafael Borges. Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha, 2014. Disponível em: http://portalconservador.com/livros/Michael-Oakeshott-Ser-Conservador.pdf html. Acesso em: 05 ago. 2024.
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense S. A., 1985.
PIRES, José Herculano; FILHO, Júlio Abreu. O verbo e a carne: duas análises do roustainguismo. São Paulo: Paideia, 1972.
PEREIRA, Francisco Jomário. O espiritismo brasileiro: uma produção discursiva. Revista Tabuleiro de Letras, v. 14, n. 02, p. 229-240, 2020. Disponível em: <https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/8608>. Acesso em: 05 dez. 2021.
ROUSTAING, J. B. Os quatro evangelhos. Tradução Paulo Neto. Londrina: EVOC, 2021.
SALLES, Ricardo Henrique. O Império do Brasil no contexto do século XIX. Escravidão nacional, classe senhorial e intelectuais na formação do Estado. Almanack. Guarulhos, n.04, p.5-45, 2012.
SCARPIONI, Marcos. Espíritas de esquerda: rupturas, dissidências e (re)construção de novo ou (do novo). INTERAÇÕES, Belo Horizonte, v. 17, n. 02, p. 376-396, jul./dez. 2022.
STOLL, Sandra J. Espiritismo à brasileira. São Paulo: Orion, 2003.
STOLL, Sandra J. Religião, ciência ou auto-ajuda? Trajetos do Espiritismo no Brasil. Antropologia, São Paulo, USP, 2002, V. 45 nº 2, p. 361 - 402.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Antonio Carlos Coelho

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
A Revista Sacrilegens é um periódico de acesso aberto, licenciada sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International