Nosocômios como zonas de fronteira:

Práticas e experiências intersticiais de pluralidade religiosa em espaços públicos de saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/2237-6151.2025.v22.48330

Palavras-chave:

Nosocômio. Zona de fronteira. Pluralidade. Saúde. Ciência da Religião.

Resumo

Este artigo analisa o nosocômio público como um espaço simbólico e socialmente denso, onde diferentes sentidos sobre saúde, cuidado, sofrimento e espiritualidade se entrecruzam. O objetivo do artigo é investigar de que maneira os espaços hospitalares públicos se configuram como zonas de fronteira que possibilitam o surgimento de práticas e experiências inter-religiosas e intersticiais, bem como analisar como essas experiências contribuem para a ampliação do cuidado em saúde sob uma perspectiva intercultural e ética. Como metodologia, a análise se baseia em revisão de literatura e em reflexões teóricas sobre o conceito de pluralidade religiosa nos espaços públicos, articulando saberes da saúde, da religião e da linguagem. Como resultado, observa-se que os hospitais, embora orientados por uma racionalidade biomédica hegemônica, são atravessados por múltiplos sentidos que emergem de práticas religiosas diversas — de orações até a presença de representantes religiosos de distintas tradições religiosas. Esses sentidos nem sempre são legitimados institucionalmente, mas resistem, circulam e, por vezes, são incorporados às práticas de cuidado, sobretudo quando há abertura ao diálogo inter-religioso.

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Publicado

2025-09-06

Como Citar

COELHO, A. C. Nosocômios como zonas de fronteira:: Práticas e experiências intersticiais de pluralidade religiosa em espaços públicos de saúde. Sacrilegens , [S. l.], v. 22, n. 1, p. 309–333, 2025. DOI: 10.34019/2237-6151.2025.v22.48330. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/sacrilegens/article/view/48330. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Pluralidade Religiosa e Experiências Intersticiais: Novos Caminhos para o