A percepção do tempo em Agostinho, Śaṅkarācārya e Caetano Veloso

Autores

  • Isabela Pinho Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.34019/2237-6151.2025.v22.48455

Palavras-chave:

Tempo. Percepção. Impermanência. Filosofia.

Resumo

O seguinte trabalho propõe uma análise comparativa entre três abordagens distintas sobre o tempo: a teológica de Agostinho, a metafísica de Śaṅkarācārya no contexto do Vedanta, e a poética contemporânea de Caetano Veloso em Oração ao tempo. Agostinho percebe o tempo como uma construção subjetiva, articulada por ambas: memória e expectativa, sendo o presente o único instante real. Para ele, o tempo revela-se como um enigma psicológico e teológico, intimamente relacionado à criação divina. Já Śaṅkarācārya, dentro do Advaita Vedanta, percebe o tempo como ilusão (māyā), que obscurece a percepção do Brahman, a realidade última. A libertação espiritual, nesse caso, se liga à superação dessa ilusão temporal, entendendo o tempo como manifestação do Uno e não como sucessão linear. Por fim, Caetano, que através da música ressignifica o tempo como criador e destruidor, contínuo e transitório. Sua letra propõe uma reflexão sobre a impermanência e a relação entre o tempo e o ser. Ao unir filosofia, espiritualidade e arte, o trabalho busca destacar a complexidade do tempo como experiência comum e plural.

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VELOSO, Caetano. Oração ao Tempo. 1979. Música.

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Publicado

2025-09-07

Como Citar

PINHO, I. A percepção do tempo em Agostinho, Śaṅkarācārya e Caetano Veloso. Sacrilegens , [S. l.], v. 22, n. 2, p. 87–101, 2025. DOI: 10.34019/2237-6151.2025.v22.48455. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/sacrilegens/article/view/48455. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Temática Livre