“Eu não sou mulher de Lucifér, sou mãe de Lucifér”:
Maternidade, gênero, bruxaria e feminilidade são os frutos de Pombagira Dona Figueira.
DOI:
https://doi.org/10.34019/2237-6151.2024.v21.45706Palavras-chave:
Pombagira. Umbanda. Maternidade. Bruxaria.Resumo
A Umbanda é uma religião híbrida que traz para si elementos de diferentes fontes e que é principalmente caracterizada pela sua paleta colorida de espíritos, dentre os quais se destacam exu e sua contraparte feminina: pombagira. A relação entre pombagira e a Umbanda passa necessariamente pela sua inequívoca associação ao feminino como algo perigoso, livre e que não se presta às convenções sociais. Entretanto, a plasticidade de pombagira não pode ser restrita. Em uma visita ao Centro Espírita Estrela Guia (Tijuca, Rio de Janeiro/RJ), a pombagira chefe da casa, Pombagira Dona Figueira, em entrevista exibiu sua face maternal, subvertendo as expectativas mais ordinárias acerca do imaginário de Pombagira. Neste artigo, são apresentadas reflexões acerca da noção de Pombagira em Umbanda e Quimbanda, seguindo as revelações de Dona Figueira, que se costuram de maneira surpreendente e complexa a elementos católicos, de bruxaria e, claro, de brasilidade.
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