Trabalhismo e Cidadania

a construção dos conceitos e seus reflexos no exercício dos direitos sociais

Resumen

Esta pesquisa teve como foco investigar as memórias enquadradas (ou
subterrâneas) dos trabalhadores brasileiros, no intuito de compreender o processo
de constituição dos direitos sociais durante o primeiro Governo Vargas (1930-1945).
Para propor a compreensão e o reconhecimento de uma orientação historiográfica
factual, complexa e contingente, em contraposição ao que normalmente acontecia
até as décadas de 1970 e 1980, utilizou-se do método fenomenológico, capaz de
privilegiar a categoria de “trabalhismo”, para questionar abordagens como “período
populista”, “Estado populista”, “pacto populista” e “populismo na política brasileira”.
Isso somente foi possível porque todas as análises se estruturaram a partir das
ideias, crenças, valores, sensibilidades, tradições e códigos comportamentais dos
próprios trabalhadores, que foram assimilados como suficientemente capazes de
ressignificar mensagens oficiais e agir dentro de seus horizontes de possibilidades.
Ao mesmo tempo, analisaram-se aspectos da “cidadania regulada”, que foi entendida
como temporária e, por isso mesmo, presente no imaginário dos “pré-cidadãos”
(ou “cidadãos em processo de vir a ser”) como possibilidade e, mais do que isso,
como promessa, mediante assimilação de que o Estado varguista não estava
criando privilégios, mas sim estabelecendo que a segurança socioeconômica tinha
condições de ser acessada por todos, desde que cumprissem com os requisitos
necessários. Em suma, perceberam-se narrativas ocultas, que mostraram processos
sociais não-hegemônicos por meio dos quais “dominantes” e “dominados” tiveram
interesses em comum, promoveram negociações e, dependendo, até mesmo
promoveram um “pacto social” entre si.