Inteligência fluida como preditora do desempenho acadêmico em Língua Portuguesa e Matemática
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-1247.2020.v14.30398Resumo
A presente pesquisa correlacionou dados provenientes da aplicação do teste de Inteligência BPR-5 com uma avaliação escolar de matemática e língua portuguesa em uma amostra de 679 alunos do nono ano do ensino fundamental de quatro escolas de uma rede particular de ensino. Os resultados dessas avaliações se mostraram fortemente correlacionados e estatisticamente significativos com escores dos testes de QI (r =,58, p < 0,01), evidenciando elevadas cargas em Inteligência Fluida (Gf). Uma análise longitudinal (5° ao 9° ano) foi aplicada através do Modelo de Curva de Crescimento Latente que investigou a média da variância inicial (intercepto) e a média de crescimento (slope) no desempenho acadêmico (DA) dos sujeitos, em dois modelos (com e sem a variável independente BPR), com o objetivo de investigar a capacidade preditiva de Gf no DA. Quando inserida a variável BPR, seu impacto no intercepto foi estimado em 20,288 e no slope, 6,381. Essas estimativas indicam o acréscimo no desempenho inicial e no crescimento no DA em razão de cada ponto a mais no escore em BPR. A diferença entre o intercepto e o slope foi negativa e estatisticamente significativa (-224,156, p < 0,01), sinalizando que os sujeitos que apresentaram desempenho inicial mais baixo no DA, obtiveram um crescimento maior no período avaliado. Assim, a capacidade preditiva de Gf sobre o DA foi demonstrada, corroborando os resultados da literatura.
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