O impeachment de Dilma Rousseff segundo os editoriais da imprensa brasileira
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2024.v18.45022Palavras-chave:
Editorial, Análise de Conteúdo, Revisão Sistemática de Literatura (RSL), Dilma Rousseff, Paralelismo PolíticoResumo
Este artigo apresenta uma revisão sistemática de literatura (RSL) de pesquisas empíricas sobre como os editoriais da imprensa brasileira interpretaram a deposição da presidente Dilma Rousseff, em 2016. A RSL realizou uma análise de conteúdo (AC) de trabalhos acadêmicos (n=13) dentro desse recorte com o objetivo de identificar: (a) os veículos jornalísticos estudados e métodos empregados pela literatura especializada; (b) se essa literatura revela padrões interpretativos dos editoriais analisados em relação ao impeachment; (c) se é possível aí observar algum tipo de paralelismo político. Para isso, utilizamos três sistemas de busca acadêmica, a saber: Scopus; SciELO; e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, nas quais selecionamos trabalhos publicados entre 2016 e 2023. Sob tais parâmetros, foram encontradas 13 pesquisas analisando os jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo; as revistas Veja e Carta Capital; e o telejornal Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. Os trabalhos revisados mostram que, com exceção de um caso (a Carta Capital), todos os demais veículos jornalísticos intervieram no debate público de modo a defender, por meio de impeachment ou renúncia, a dissolução do governo Dilma. Diante disso, discutimos como o conceito de “paralelismo assimétrico” ajuda a compreender criticamente esses achados da literatura e como pesquisas futuras em torno de veículos de alcance regional ajudariam a melhor compreender esse momento tão crucial da relação entre imprensa e política no Brasil.
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