A adicção na ficção televisiva contemporânea: Verdades Secretas e Verdades Secretas II
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2024.v18.43259Palabras clave:
Estudios de televisión, Ficción en Serie, Telenovela, Adicción, PoéticaResumen
Verdades Secretas (2015) e Verdades Secretas II (2021) foram (tele)novelas criadas por Walcyr Carrasco, sendo a primeira exibida pela televisão linear e a segunda pensada principalmente para a plataforma de streaming. Em ambas as obras, houve uma linha de enredo direcionada a discutir o vício em drogas ilícitas, manifestado, respectivamente, pelas personagens Larissa e Laila. Pensando nisso, surgiu o seguinte problema de pesquisa: como o contexto de produção, ao considerar os recursos técnicos do audiovisual, buscou representar a adicção na ficção televisiva contemporânea? Este artigo tem como objetivo discutir como os aspectos referentes ao vício foram construídos em ambas as produções, levando em conta os componentes pertencentes à poética televisiva, isto é, tema, narrativa e estilo. Para isso, elegeu-se como metodologia a análise poética do audiovisual, embasada por autores como Bordwell (2008) e Thompson (2003), com direcionamento para três momentos do arco narrativo das personagens: o começo do vício, os efeitos da droga e o destino de cada uma. Como resultado, verificou-se que, em relação à Larissa, há uma adesão ao que era o merchandising social (Lopes, 2009), abordando as oportunidades de reabilitação no país e alinhando-se à narrativa da nação (Lopes, 2003), ao recriar ambientes como a Cracolândia e destacar intervenções religiosas. Já o caso de Laila segue uma trajetória narrativa inversa, desvinculando-se da conscientização das ações sociais e cumprindo a função pedagógica do melodrama (Lopes, 2009) ao mostrar as consequências da busca por uma perfeição ilusória e o destino de muitos dependentes químicos.
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