A imobilidade movente da fotografia: em resposta a Alan Cholodenko

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2020.v14.21478

Palavras-chave:

Teoria da Fotografia, Animação, Animismo da Técnica

Resumo

Este texto contrapõe algumas considerações apresentadas por Alan Cholodenko, no ensaio Fotografia imóvel? Partindo do conceito de animação, discutido pelo autor, questiona-se até que ponto são viáveis as afirmações de que a fotografia apresenta uma anima própria, que faz com que seja animada. Percorrendo o caminho inverso ao de Cholodenko, que parte das discussões sobre cinema para discutir a fotografia, recorreu-se aos referenciais consolidados na teoria da fotografia para entender as características ontológicas e estéticas das imagens produzidas pela câmera escura. Esse percurso foi fundamental para compreender a fixidez como a principal característica da fotografia, contraponto o argumento de que as figurações fotográficas são animadas. Ao contrário do que defende Cholodenko, não é uma animação intrínseca a potência da fotografia, mas justamente a estética da fixidez, que faz com o que os corpos se animem diante do quadro estático. Essa mudança conceitual ajuda a compreender a infraestrutura da fotografia como produção humana, não reiterando o animismo da técnica, que personifica a imagem fotográfica como instância autônoma. A animação está no corpo que vê a fotografia e, diante do susto mórbido que ela provoca, pode fabular múltiplas possibilidades diante da fixidez da imagem fotográfica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Michel de Oliveira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS. 

Referências

BAITELLO JUNIOR, Norval. A era da iconofagia. São Paulo: Paulus, 2014.

BARTHES, Roland. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Magia, técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8. ed. revista. São Paulo: Brasiliense, 2012, p. 179-212.

CHOLODENKO, Alan. Fotografia Imóvel? Lumina. v. 11, n. 3, p. 40-54,2017. Disponível em: <https://lumina.ufjf.emnuvens.com.br/lumina/article/view/533/537>. Acesso em: 2 de jan. 2018.

DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. 13. ed. Campinas: Papirus, 1993.

KRACAUER, Siegfried. A fotografia. In: KRACAUER, Siegfried (ed). O ornamento da massa: ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 63-80.

LISSOVSKY, Maurício. Os fotógrafos do futuro e o futuro da fotografia. In: MONTAÑO, Sonia; FISCHER, Gustavo; KILPP, Suzana (orgs.). Impacto das novas mídias no estatuto da imagem. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 13-28.

OLIVEIRA, Michel de. Saudades eternas: fotografia entre a morte e a sobrevida. Londrina: Eduel, 2018.

SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica e mídia. São Paulo: Iluminuras, 2008.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

SOULAGES, François. Estética da fotografia: perda e permanência. São Paulo: Senac, 2010.

ZYLINSKA, Joanna. Entrevista: pesquisadora da fotografia não humana, Joanna Zylinska destaca o valor da criatividade na interação homem e máquina. Revista Zum, São Paulo, 19 de junho de 2017. Disponível em: <http://revistazum.com.br/radar/fotografia-nao-humana/>. Acesso em 3 jan. 2018.

Downloads

Publicado

2020-08-30

Como Citar

OLIVEIRA, M. de. A imobilidade movente da fotografia: em resposta a Alan Cholodenko. Lumina, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 186–198, 2020. DOI: 10.34019/1981-4070.2020.v14.21478. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/21478. Acesso em: 20 abr. 2024.