Saramandaia: alegorias político-culturais brasileiras, na década de 70

Autores/as

  • Dilma Beatriz Juliano Universidade do Sul de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2014.v8.21082

Palabras clave:

Saramandaia – Telenovela – Cultura Brasileira – Realismo Mágico

Resumen

Nas sociedades do espetáculo a forma simulacral das imagens pode, por um lado, tomar o lugar das coisas e o da ação dos homens sobre o mundo e, por outro lado, fazendo-se nova forma de experiência. Propõe-se, neste texto, extrair das imagens de Saramandaia (DIAS GOMES,1976) as formas políticas da cultura brasileira, da década de 70, pela via da “sobrevivência das imagens” em sua potencialidade na reconstrução histórica. Para isso, duas serão as personagens abordadas, como imagens, para argumentar a leitura do contexto histórico brasileiro: o Coronel Rosado e Gibão. O primeiro é dono de engenho de cana-de-açúcar, tem um formigueiro no nariz; formigas carregadeiras, representantes da acumulação, que saem do corpo sempre que o coronel se vê contrariado. O segundo tem asas que, como alegorias do desejo de liberdade, precisam ficar escondidas pelas roupas e só podem ser usadas à noite, na hora destinada ao sono/sonho da humanidade, na hora sem testemunha. A telenovela desdobra-se em planos de imagens capazes de ligar momentos de olhar a tela à memória coletiva de uma história brasileira recente, tanto naquilo que está representado no corpo das personagens, quanto na organização ficcional que os fazem ‘cidadãos’ de uma mesma ‘comunidade real’, um Brasil.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Dilma Beatriz Juliano, Universidade do Sul de Santa Catarina

Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e doutorado em Teoria Literária pela mesma instituição (2003). Atualmente, professora da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), atuando como coordenadora adjunta no Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem e como professora e pesquisadora na linha de pesquisa Linguagem e Cultura, do mesmo Programa. Na graduação atua como professora no curso de Cinema e Audiovisual. As pesquisas convergem para as narrativas ficcionais de massa (telenovelas, minisséries, etc) e para a literatura brasileira contemporânea, tanto no desenvolvimento de projetos quanto nas orientações de trabalhos acadêmicos.

Citas

ANDRADE, Ana Luiza et al (Org.). Declínio da arte ascensão da cultura. Florianópolis: Abralic; Letras Contemporâneas: 1998.
_______. Açúcar: poeira, pólvora, poesia. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Revista do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, UNB, n.21, 2003.
AS SARAMANOVELAS da telemandaia: (ou a realidade fantástica). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 abr.1976. p.10-11.
BAUDRILLARD, Jean. Tela total: mitos-ironias da era do virtual e da imagem. Porto Alegre: Sulina, 1997.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
_______. Walter Benjamin. Trad. e org. Flávio Kothe. São Paulo: Ática, 1991.
BUCK-MORSS, Susan. Estética e anestética: o ‘ensaio sobre a obra de arte’ de Walter Benjamin reconsiderado. Trad. Rafael Lopes Azize. Travessia-Revista de Literatura, Florianópolis, n. 33, p.11-41, ago.-dez. 1996.
_______. Dialética do Olhar: Walter Benjamin e o projeto das passagens. Trad. Ana Luiza de Andrade. Belo Horizonte: UFMG; Chapecó: Argos, 2002.
CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso. São Paulo: Perspectiva, 1980.
DIAS GOMES. Saramandaia. [Rio de Janeiro: s. n], 1976. (Telenovela em 160 capítulos – CEDOC/Rede Globo de Televisão).
DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte (MG): EditoraUFMG, 2011.
FIGUEIREDO, Vera Follain de. Corpo a corpo com a palavra: sedução e magia. Matraga. Rio de Janeiro: UERJ/IFL, nov. 1986.
GASPARI, Elio; HOLLANDA, Heloisa Buarque de; VENTURA, Zuenir. 70/80 Cultura em trânsito: da repressão à abertura. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
JAMESON, Fredric. As marcas do visível. Trad. Ana Lúcia de Almeida Gazolla. Rio de Janeiro: Graal, 1995.
NOVELA e cachaça. O lançamento de produtos é uma nova faceta das novelas da Rede Globo. Revista Visão. Rio de Janeiro, 19jun. 1976. (Registro do CEDOC n.4170)
O SANTO Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Trad. Pe. José Dias Goulart. São Paulo: Paulinas, 1970.
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
SODRÉ, Muniz. A máquina de narciso: televisão, indivíduo e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.

Publicado

2014-08-15

Cómo citar

JULIANO, D. B. Saramandaia: alegorias político-culturais brasileiras, na década de 70. Lumina, [S. l.], v. 8, n. 1, 2014. DOI: 10.34019/1981-4070.2014.v8.21082. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/21082. Acesso em: 22 nov. 2024.

Número

Sección

Dossiê TV: formas audiovisuais de ficção e de documentário