Call for Papers - Dossiê: Apropriação, Inapropriação, Desapropriação

2019-11-13

CHAMADA ENCERRADA

Lumina v.14, n.2 (2020) 

Dossiê: Apropriação, Inapropriação, Desapropriação

Editores Convidados: Jane de Almeida (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Greg Cohen (Universidade da Califórnia em Los Angeles)

English Version

Em uma entrevista de 2014, a artista Lisa Oppenheim descreveu sua prática com termos que evocam um dever estratégico. Ela afirma que em um mundo repleto de imagens, o objetivo da arte é "destilar, editar e processar", em vez de simplesmente "adicionar mais ao barulho."

Oppenheim está se referindo à arte da apropriação, um termo que, por si só, pouco faz para iluminar a diversidade de mídias e práticas ou as conseqüências de longo alcance de tais práticas em nosso momento atual, saturado pela mídia. O que é revelador, no entanto, são as múltiplas equivalências evocadas pela formulação de Oppenheim: apropriar é destilar, filtrar ou refinar; editar, montar , ou ainda resumir; processar, classificar ou traduzir…. Se o mundo é de fato uma comoção de imagens, objetos e dados produzidos em quantidades cada vez mais vastas por uma máquina cultural incessante, é aqui, no meio do clamor que o artista deve começar a derivar sua arte.

Convocar as palavras de uma artista de “apropriação” , nascida em 1975 é também reconhecer a mudança de época e os contextos alterados nos quais esses artistas e cineastas atualmente operam, tão divergentes das condições que deram origem à Geração de Imagens das décadas de 1970 e 1980. Para aqueles artistas anteriores, o ato de se apropriar era principalmente de negação ("o artista está morto"; "não há originalidade") e desmistificação ("a obra de arte é apenas uma mercadoria, o espectador da arte é apenas um consumidor") . Se os artistas de apropriação mais ávidos e inovadores de hoje internalizaram essas obsessões, seus trabalhos também devem enfrentar novos conjuntos de questões e contingências: qual é o status da evidência na era da polarização política e da "pós-verdade"? Qual é a natureza da autenticidade e autenticação em um mundo presumivelmente "pós-histórico"? Onde as leis, discursos e estética da propriedade convergem com os da arte na matriz da apropriação e expropriação? A aura da obra de arte ressurgiu, como uma fênix, das brasas da reprodução mecânica na era das mídias sociais e da manipulação digital? A “febre do arquivo” das últimas décadas evoluiu para uma epidemia de conhecimento reciclado e excesso especulativo, ou a reciclagem e a especulação apontam o caminho para uma linha radical de fuga do pântano da informação?

Para este dossiê especial sobre "Apropriação, Desapropriação, Inapropriação", os editores convidados da Revista Lumina buscam intervenções de estudiosos, teóricos, artistas e ativistas que desejam se engajar na construção de novas histórias e novas genealogias da arte da apropriação atual. São bem-vindos artigos acadêmicos, ensaios e quase-ficções especulativas, experimentos de pensamento visual e manifestos provocativos que buscam reformular os debates sobre “autenticidade”, “evidência”, “direitos autorais”, “propriedade intelectual”, “arquivo” e as estéticas e políticas de apropriação na produção cultural e comunicação contemporâneas. Os colaboradores podem ser provenientes de um espectro diversificado de disciplinas, incluindo, entre outras, a comunicação, a história da arte, os estudos de mídia, estudos de cultura visual, estudos de cinema, estudos pós-coloniais, estudos jurídicos, história da ciência e tecnologia, estudos jurídicos, design, arquitetura e artes plásticas.

Palavras-chave: arquivo; propriedade; direito autoral; apropriação; comunicação; expropriação; evidência; autenticidade; autenticação; pós-verdade; pós-história.

Datas Importantes:

·       Deadline para o envio de artigos: 31/03/2020

·       Envio de parecer: até 29/08/2020

·       unnamed.png Dúvidas: revista.lumina@ufjf.edu.br