Clio e a memória do futuro: Ucronias, utopias e heterotopias nos assentamentos do MST

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2021.v15.34586

Palavras-chave:

Memória Do Futuro, Ucronia, Utopia, Rurbano, MST

Resumo

Este artigo é resultado parcial de pesquisa em curso no CNPq sobre memória do futuro e seus códigos. Problematizam-se as ocorrências de ucronias, utopias e heterotopias no espaço sociopolítico e cultural brasileiro. A pesquisa, como um todo, tem como objetivo investigar se tais construções podem funcionar como códigos para configurar e conceituar memória do futuro. No presente trabalho, parte-se da leitura do semioticista de Tártu-Moscou, Iuri Lotman, sobre Clio, a musa da história, para relacioná-la à memória. Entende-se a memória em seus aspectos comunicativos e culturais, isto é, como propriedade da semiosfera — espaço dos signos culturais — assim como dos textos gerados neste continuum semiótico. Como objeto empírico, apresentam-se alguns aspectos e exemplos de assentamentos do MST. Especificamente neste trabalho, tem-se como objetivo verificar como ucronias, utopias e heterotopias tomam parte do histórico e de ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A fundamentação teórico-metodológica se vale da Teoria Semiótica de Tártu-Moscou para explicitar os conceitos de semiosfera, memória, texto, assim como de autores das Ciências Sociais e Humanas, tais quais Celso Furtado, Lúcio Kovarick, Darcy Ribeiro, entre outras pesquisas na área, como a discussão sobre rurbanidade com Beatris Duqueviz. O trabalho apresenta igualmente o conceito de retrofuturismo com base nas reflexões do filósofo Elie During e do artista plástico Alain Bublex, para tratar de um modo de configuração temporal que dialoga com a existência das ucronias. Espera-se demonstrar que nos assentamentos do MST ucronias, utopias e heterotopias podem funcionar como códigos para a memória do futuro ao encontro de Clio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Monica Rebecca Ferrari Nunes, Escola Superior de Propaganda e Marketing

Bolsista de Produtividade em Pesquisa- nível 2 (CNPq). Doutora em Comunicação e Semiótica. Docente e pesquisadora do PPGCOM-ESPM

Marco Antônio Bin, Escola Superior de Propaganda e Marketing

Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Escritor, Integrante do Grupo de Pesquisa em Memória, Comunicação e Consumo (MNEMON) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM. 

Referências

BRANDÃO, Junito. Mitologia grega. São Paulo: Vozes, 1986. v. 1.

CARRUTHERS, Mary. A técnica do pensamento. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.

DUQUEVIZ, Beatris C. A rurbanização como política social em Gilberto Freyre. 2006. 112 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2006.

DURING, Elie; BUBLEX, Alain. Le futur n’existe pas: rétrotypes. Parc Saint-Léger: Éditions B42, 2014.

FERREIRA, Jerusa Pires. Clio na encruzilhada. In: MACHADO, Irene. (org.). Semiótica da Cultura e Semiosfera. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2007.

FOUCAULT, Michel. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: N-1 edições, 2013.

FURTADO, Celso, Em busca de novo modelo: Reflexões sobre a crise contemporânea. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2002.

KOWARICK, Lúcio. Viver em risco: Sobre a vulnerabilidade socioeconômica e civil. São Paulo: Editora 34, 2009.

KRÜGER, João. A força e a beleza brotam da terra. São Paulo: Edições Pulsar, 2005.

LINDNER, Michele; MEDEIROS, Rosa M.V. A relação rural-urbana em assentamentos na campanha gaúcha: trabalhadores urbanos em assentamentos rurais. In: ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 21., Uberlândia, MG, 2012. Anais [...]. Uberlândia: UFU, 2012. Disponível em: http://www.lagea.ig.ufu.br/xx1enga/anais_enga_2012/gts/1427_1.pdf. Acesso em: 08 jun. 2021.

LOTMAN, Iuri. La Semiosfera. Madrid: Ediciones Cátedra, S.A, 1996-1998. 2 v.

MACIEL, Camila A. O assentamento que não envelhece: Discursos e práticas das novas gerações sobre a luta pela terra no assentamento da Fazenda Pirituba, do MST, em Itapeva. 2019. 141 p. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas Campinas, SP, 2019.

MORUS, Tomas. A utopia. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

NUNES, Mônica R.F. Memória do futuro, explosão, pancronia: a semiótica de Lotman e os estudos da memória e do tempo nas teatralidades juvenis. Bakhtiniana, São Paulo, 14 (4): 192-210, out./dez. 2019. https://doi.org/10.1590/2176-457338563

NUNES, Mônica. R., BIN, Marco. A. Retrofuturismo, espaço e corpo-mídia: steampunk e a memória do futuro. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 1-21, maio, junho, julho e agosto de 2018: ID29017.

DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1980-3729.2018.2.29017.

PELEGRÍN CAMPO, Julián P. La História Alternativa como herramienta didáctica: una revisión historiográfica. Proyecto CLIO, Zaragoza, n. 36, 2010. Disponível em: <http://www.ub.edu/histodidactica/images/documentos/pdf/historia_alternativa_herramienta_didactica.pdf>. Acesso em 13 jun. 2021.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

RICOEUR, Paul. A memória, a história e o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

ROCHA, Glauber. Uma estética da fome. Cultura Vozes, São Paulo, v. 89, n. 5, p. 138-145, set./out. 1995.

SAMPAIO, Consuelo N. (org.). Canudos: cartas para o barão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo - Edusp, 2001.

TORRANO, Jaa. Teogonia: a origem dos deuses. Estudo e Tradução. São Paulo: Iluminuras, 1995.

Downloads

Publicado

2021-08-30

Como Citar

NUNES, M. R. F. .; BIN, M. A. . Clio e a memória do futuro: Ucronias, utopias e heterotopias nos assentamentos do MST . Lumina, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 120–135, 2021. DOI: 10.34019/1981-4070.2021.v15.34586. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/34586. Acesso em: 24 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: História, Memória, Comunicação – entre crises e críticas