Vejo com os ouvidos: os audiogames como vetores de (novas) experiências interativas

Autores

  • Emmanoel Ferreira Universidade Federal Fluminense
  • Felipe Sousa Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.26088

Palavras-chave:

audiogames, videogames, interatividade, som, visão.

Resumo

Este trabalho discute questões acerca das formas de interatividade próprias dos chamados audiogames – jogos em que o conteúdo sonoro é o principal elemento com o qual o jogador interage e em que o conteúdo visual pouco ou nada influencia na interação jogador-jogo – buscando compreender os motivos (históricos, econômicos, culturais, etc.) pelos quais a produção de jogos deste gênero é ainda escassa, tanto no Brasil quanto no mundo. Primeiramente, apresentamos os audiogames como um gênero de jogo com características próprias e singulares, assim como as principais formas de interação com este tipo de jogo. Em seguida, abordamos o que chamamos de supremacia da visão nas artes em geral e nos videogames em particular, buscando entender como as modalidades midiáticas em geral, historicamente, enfatizaram a visão em detrimento dos outros sentidos. Posteriormente, traçamos um breve histórico de dispositivos interativos – de brinquedos eletrônicos lançados na década de 1970 até os próprios audiogames – cujo principal sentido acionado no momento de interação é a audição, relacionando as formas particulares de interação com tais dispositivos, tanto para indivíduos com visão em pleno funcionamento, quanto para indivíduos dela destituídos. Por fim, discutimos a questão da acessibilidade e da inclusão de indivíduos destituídos da visão nas mídias interativas em geral e nos videogames em particular, apontando para possíveis cenários futuros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Emmanoel Ferreira, Universidade Federal Fluminense

Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense

Felipe Sousa, Universidade Federal da Bahia

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia

Referências

AARSETH, Espen. Cybertext: perspectives on ergodic literature. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1997.

ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. Trad. Teixeira Coelho. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BRETON, Philippe. História da informática. Trad. Elcio Fernandes. São Paulo: Editora UNESP, 1991.

BROOKS, Frederick. What’s Real About Virtual Reality? In: IEEE Computer Graphics and Applications. Novembro/Dezembro de 1999.

CLOWNEY, David. Definitions of Fine Art and Fine Art's Historical Origins. In: The Journal of Aesthetics and Art Criticism. Nº 69, Vol. 3, Verão de 2011.

COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema: Espetáculo, narração, domesticação. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005.

ESCARCE, J. M.; MARTINS, G. R. Inserção do gênero Audiogame como forma de narrativa da Audiodescrição. In: SBGames - Culture Track Short Paper. Porto Alegre/RS, 2014.

FRIBERG, J.; GÄRDENFORS, D. Audio games: New perspectives on game audio. In: Proceedings of the 2004 ACM SIGCHI – International Conference on Advances in Computer Entertainment Technology/ACE '04, 2004.

FERREIRA, Emmanoel. Games e imersão: a realidade híbrida como meio de imanência virtual. In: Anais do II ABCiber. São Paulo: PUC-SP, 2008.

GRAU, Oliver. Virtual Art: from Illusion to Immersion. Trad. Gloria Custance. Cambridge/MA: The MIT Press, 2003.

ISAACSON, Walter. Os inovadores. Trad. Berilo Vargas et al. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

JAY, Martin. Downcast Eyes: The Denigration of Vision in Twentieth-Century Thought. Oakland/CA: University of California Press, 1994.

OLIVEIRA, João Vicente Ganzarolli de. Do essencial invisível: arte e beleza entre os cegos. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2001.

PAUL, Christiane. L’ Art numérique. Trad. Dominique Lablanche. Paris: Editions Thames & Hudson, 2004.

PARENTE, André. O virtual e o hipertextual. Rio de Janeiro: Pazulin, 1999

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Trad. Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2009.

READ, Herbert. O significado da arte. Trad. A. Neves Pedro. Lisboa: Ulisseia, 1969.

ROBLES-DE-LA-TORRE, Gabriel. The Importance of the Sense of Touch in Virtual and Real Environments. In: IEEE Multimedia. Julho/Setembro de 2006.

SANTO AGOSTINHO. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos; A. Ambrósio de Pina. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

SANTO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Trad. Aldo Vannucchi et al. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

SUTHERLAND, Ivan. The Ultimate Display. In: Proceedings of IFIP 65, vol 2, 1965.

VAUGHAN, Daniel; ASBURY, Taylor. Oftalmologia geral. Trad. Ana Luísa Hoffling de Lima; Michel Farah Neto. São Paulo: Atheneu, 1990.

WERTHEIM, Margaret. Uma história do espaço: de Dante à Internet. Trad. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

ZÉNOUDA, H. New musical organology: the audio-games. The question of "a-musical" interfaces. In: MISSI’12 - International Conference on Multimedia Network Information Systems. Wroclaw, Poland, 2012.

Downloads

Publicado

2019-12-30

Como Citar

FERREIRA, E.; SOUSA, F. Vejo com os ouvidos: os audiogames como vetores de (novas) experiências interativas. Lumina, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 168–184, 2019. DOI: 10.34019/1981-4070.2019.v13.26088. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/26088. Acesso em: 14 nov. 2024.