Abre aspas: o discurso direto como processo de edição
Palavras-chave:
edição, debate, jornalismo, argumentação.Resumo
Tendo como corpora o último debate político-midiático dos então candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), gerido e exibido pela Rede Globo no dia 24 de outubro de 2014, bem como sua repercussão – imediatamente após o embate – nos sites das três maiores revistas semanais de informação (atualidades) CartaCapital, Época e Veja, neste artigo, busquei perceber o modo como o jornalista/editor construiu seu texto (em cada uma das publicações), sobretudo como utilizou os discursos direto, convocando os candidatos-enunciadores para o texto. A partir da transcrição do debate e da comparação com os textos publicados nas revistas, percebi, inicialmente, uma supervalorização do tempo no processo de edição (quase em regime de cotemporalidade ao acontecimento); em relação ao modo como dito relatado (discurso direto) é usado no texto, posso dizer de uma escolha calcada na polêmica, no deboche, na acusação etc. Embora tenha ocorrido debate de temas como emprego, educação, agricultura, entre outros, a ênfase foi dada nas três revistas para momentos nos quais houve interferência da plateia (com vaias, aplausos, risos, deboche etc.) e deslizes dos candidatos.
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