Locus: Revista de História _V.30, N.2 (2024)
Dossiê

Boi-bumbá de Parintins (AM): : performances dramáticas de uma brincadeira afro-indígena

Socorro Batalha
UFAM _ Universidade Federal do Amazonas

Publicado 2025-02-02

Palavras-chave

  • Boi-bumbá de Parintins.,
  • Performance dramática,
  • Afro-indígena.

Como Citar

Batalha, Socorro, e Alvatir Carolino da Silva. 2025. “Boi-Bumbá De Parintins (AM): : Performances dramáticas De Uma Brincadeira Afro-indígena”. Locus: Revista De História 30 (2):11-30. https://doi.org/10.34019/2594-8296.2024.v30.46503.

Resumo

A classificação erudita e acadêmica de Mário de Andrade sobre a brincadeira de boi é a mais difundida e citada por aqueles que estudam essas manifestações da cultura popular no Brasil. Trata-se de uma dança dramática, pois está estruturada em um enredo que envolve vida, morte e ressurreição, além da noção de que o boi é considerado um animal nacional, dada a presença dessa manifestação em várias regiões do país. Este texto apresenta uma discussão de base antropológica sobre as performances dramáticas nos espetáculos de boi em Parintins, onde o discurso indígena tem predominado e influencia grande parte dos critérios de julgamento que definem qual boi será o campeão da disputa anual. Embora muitos bois-bumbás tenham surgido no seio de famílias afro-brasileiras após o fim formal do regime escravocrata, o discurso afro só voltou a ganhar destaque nos espetáculos de Parintins nos últimos anos. O fundador do Boi Garantido, Lindolfo Monteverde, era um homem afro-indígena, já que seu pai, Marcelo, era indígena da etnia Munduruku e conhecido em Parintins, entre os séculos XIX e XX, como pai de santo. A mãe de Lindolfo, Dona Xanda, era filha de uma mulher preta que foi escravizada até os últimos dias do regime. O Boi Garantido é, portanto, uma manifestação afro-indígena e, nos últimos anos, tem resgatado discursos que estruturam suas performances dramáticas, conciliando as dimensões afro e indígena que fundamentam a base da sua existência.

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Referências

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