v. 29 n. 2 (2023): Histórias das artes, história das imagens
Dossiê

A propósito dos lançadores de pedras: imagens sobreviventes de um gesto de insurreição

Vinícius Alexandre Rocha Piassi
UFRN

Publicado 2024-01-08

Palavras-chave

  • Imagem sobrevivente,
  • Fórmula de páthos,
  • gesto,
  • levante

Como Citar

Piassi, Vinícius Alexandre Rocha. 2024. “A propósito Dos lançadores De Pedras: Imagens Sobreviventes De Um Gesto De insurreição”. Locus: Revista De História 29 (2):108-32. https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/41142.

Resumo

Este artigo apresenta uma análise do gesto do lançamento de pedras, bombas ou coquetéis molotov, recorrente em manifestações públicas de protesto contra o status quo ao longo da história, voltada para a sua figuração em imagens, buscando apreender os sentidos históricos, estéticos e políticos de seus usos. Traçando uma genealogia da representação artística desse gesto apoiada na teoria do anacronismo da imagem de Georges Didi-Huberman, o identificamos como uma imagem sobrevivente, cujas matrizes remontam à prática esportiva ateniense da Antiguidade clássica, atravessando a história da arte ocidental por meio de reproduções de sua fórmula de páthos em diferentes suportes, como a escultura, a fotografia, a serigrafia, o grafite e o cinema. Desse modo, percebemos como as imagens dos lançadores de pedras são investidas historicamente de sentidos políticos revolucionários, constituindo parte fundamental das narrativas visuais de levantes na contemporaneidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. Agamben, Giorgio. “Aby Warburg e a ciência sem nome”. Em Dossiê Aby Warburg. Organização Cezar Bartholomeu. Revista Arte e Ensaios. Revista do Programa de Pós- Graduação em Artes Visuais – EBA, UFRJ, ano XVI, número 19, 2009.
  2. Agamben, Giorgio. “Notas sobre o gesto”. Artefilosofia, Ouro Preto, n.4, p. 09-14, jan.2008.
  3. Agamben, Giorgio. “Notes sur le geste”. Le magazine, Jeu de Paume, 5.04.2013. Traduit de l’italien par Daniel Loayza. Ce texte a été initialement publié en 1991 dans le numéro 1 de la revue Trafic (hiver 1991, p.33-34). Disponível em: http://lemagazine.jeudepaume.org/2013/04/giorgio-agamben-notes-sur-le-geste/. Último acesso em: 28 jan. 2020.
  4. Alacaci, Ahmet Salih. “Andalou Agency’s photo of Gaza protester goes viral”. Andalou Agency, 26 out. 2018. Disponível em: https://www.aa.com.tr/en/middle-east/anadolu- agencys-photo-of-gaza-protester-goes-viral/1293913. Último acesso em 6 jul. 2020.
  5. Araújo, Gabriel. “Chacoalhando uma imagem congelada”. Revista Fale de Cinema, 10 abr. 2018. Disponível em: https://medium.com/fale-de-cinema/chacoalhando-uma-imagem- congelada-9a8060ecd050. Último acesso em 4 nov. 2019.
  6. Arendt, Hannah. “O significado de Revolução.” Em Sobre a Revolução. Tradução de Denise Bottmann. p. 47-91. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
  7. Benjamin, Walter. “Paris, capital do século XIX ”. Em Passagens. p. 53- 67.Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.
  8. Banksy. Wall and Piece. Century: Londres, 2005.
  9. Bernardo, Gustavo. “Como se lê uma imagem?”. Revista Eletrônica do Vestibular UERJ, Rio de Janeiro, Ano 12, n. 32, 2019. Disponível em: https://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=78. Último acesso em 13 jul. 2020.
  10. BNF. Mai 68, “Expositions”. Disponível em: http://www.expositions.bnf.fr/mai68/index.htm. Último acesso em 27 abr. 2020.
  11. Boehm, Gottfried. “Aquilo que se mostra. Sobre a diferença icônica”. Em Pensar a Imagem, Alloa, Emmanuel. p. 23-38. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
  12. Butler, Judith. “Levante”. Em Levantes, org. Didi-Huberman, Georges. Tradução: Jorge Bastos, Edgard de Assis Carvalho, Mariza P. Bosco, Eric R. R. Heneault. São Paulo: Edições Sesc, 2017. p. 23-36.
  13. Declais, Jean-Louis. David raconté par les musulmans. Les éditions du CERF. França, 1999.
  14. Deleuze, Gilles. Nietzsche e a filosofia. Tradução de Edmundo Fernandes Dias e Ruth Joffily Dias. Editora Rio, 1976.
  15. Didi-Huberman, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e dos fantasmas segundo Aby Warburg. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.
  16. Didi-Huberman, Georges. “Conflicts of gestures, conflicts of images”. The Nordic Journal of Aesthetics, v. 27, n. 55-56, p. 8-22, 2018a.
  17. Didi-Huberman, Georges, org. Levantes. Tradução: Jorge Bastos, Edgard de Assis Carvalho, Mariza P. Bosco, Eric R. R. Heneault. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2017a.
  18. Didi-Huberman, Georges. “Olhos Livres da História”. Ícone, Recife PGCOM/UFPE, v. 16, ed. 2, p. 161-172, 3 nov. 2018b.
  19. Didi-Huberman, Georges. Povo em lágrimas, povo em armas. Trad. Hortencia Lencastre. São Paulo, SP: N-1 edições, 2021.
  20. Didi-Huberman, Georges. “Povos expostos, povos figurantes”. Vista – Revista de Cultura Visual, nº 1, 2017b, p. 16-31.
  21. Didi-Huberman, Georges. “Quando as imagens tocam o real”. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, p. 206-219, 30 nov. 2012.
  22. Didi-Huberman, Georges. Que emoção! Que emoção? São Paulo: Editora 34, 2016b.
  23. Didi-Huberman, Georges. Remontagens do tempo sofrido. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018c.
  24. Didi-Huberman, Georges. Sobrevivência dos Vaga-lumes. Tradução de Vera Casa Nova e Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
  25. Didi-Huberman, Georges. (dir.) Soulèvements. Paris, Jeu de Paume: Gallimard, 2016a. E-book.
  26. "Eco, Umberto, org. História da Beleza. Rio de Janeiro: Record, 2010.
  27. Elsaesser, Thomas. Cinema como arqueologia das mídias. Trad. Carlos Szlak. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
  28. Fundação Gilles Caron. “Gilles Caron”, Boutique. Disponível em: https://shop.fondationgillescaron.com/. Último acesso em 14 abr. 2020.
  29. Flusser, Vilém. Gestos. Apresentação de Gustavo Bernardo. São Paulo: Annablume, 2014.
  30. Freitas, Nathália de. “Grafites feministas: espaço de luta e resistência na arte urbana (2000-2018).” Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de História (FH), Programa de Pós-Graduação em História, Goiânia, 2019.
  31. Galleria Borghese. “David”. Disponível em: https://galleriaborghese.beniculturali.it/opere/david/. Último acesso em 13 mai. 2020.
  32. Hauser, Arnold. “Classicismo e democracia”. Em História social da arte e da literatura. (não paginado). São Paulo: Martins Fontes, 1995. E-book.
  33. Husein, Muhamad Subhi Mahmud Hasan. “A Intifada como gesto”. Tese (Doutorado). Universidade do Sul de Santa Catarina, Pós-graduação em Ciências da Linguagem, 2019.
  34. Jameson, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 2000.
  35. Lessa, Fábio de Souza. Atletas na Grécia Antiga: da competição à excelência. 1 ed. Rio de Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2018.
  36. Magnum Photos. “Catalogue, Bruno Barbey – Brazil””, s/d. Disponível em: https://pro.magnumphotos.com/Catalogue/Bruno-Barbey/1966/BRAZIL-NN112724.html. Último acesso em 13 abr. 2020.
  37. Mauad, Ana Maria. “Como nascem as imagens? Um estudo de história visual”. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 61, p. 105-132, jul./dez. 2014.
  38. Mauad, Ana Maria, e Maurício Lissovsky. “As mil e uma mortes de um estudante: foto- ícones e história fotográfica”. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 34, nº 72, p.4-29, Janeiro-Abril 2021.
  39. Migliorin, Cezar. “No intenso agora, de João Moreira Salles ou como domesticar o acontecimento”. Revista Eco Pós, Dossiê 50 anos de 1968, v. 21, n.1, 2018, p. 176-184.
  40. Munayyer, Yousef. Postagem do Twitter. 24 out. 2018, 9h33min. Disponível em: https://twitter.com/YousefMunayyer/status/1055074784994869248?ref_src=twsrc%5Etfw%7 Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1055074784994869248%7Ctwgr%5E&ref_url=htt ps%3A%2F%2Fwww.aljazeera.com%2Fnews%2F2018%2F10%2Fimage-palestinian- protester-gaza-viral-181024113924724.html. Último acesso em 6 jul. 2020.
  41. No Intenso Agora. “Cartazes”. Disponível em: https://www.nointensoagora.com.br/fotos/. Último acesso em 14 abr. 2020.
  42. No Intenso agora. João Moreira Salles, Brasil, 2017.
  43. O Fundo do Ar é Vermelho. Chris Marker, França, 1977.
  44. O’Neill, Alexandre. “Canção”. Em Tempo de Fantasmas, 1951. Disponível em: https://alexandreoneill.bnportugal.gov.pt/cancao/. Último acesso em 02 mai. 2022.
  45. Paris é Uma Festa – Um Filme em 18 Ondas. Sylvain George, França, 2017.
  46. Poivert, Michel. Gilles Caron. Le Conflit intérieur. Lausanne, Musée de l’Élysée/Arles, Photosynthèses, 2013, p. 236-237.
  47. Rancière, Jacques. “Um levante pode esconder outro”. Em Levantes, org. Didi-huberman, Georges. Tradução: Jorge Bastos, Edgard de Assis Carvalho, Mariza P. Bosco, Eric R. R. Heneault. São Paulo: Edições Sesc, 2017. p. 63-70.
  48. Sumpf, Alexandre. “Mai 1968: les barricades”. Histoire par l'image, mai. 2018. Disponível em: https://histoire-image.org/fr/etudes/mai-1968-barricades. Último acesso em 28 jan. 2021.
  49. Tarì, Marcello. “Prefácio à edição brasileira”. Em Um piano nas barricadas: por uma história da Autonomia, Itália 1970. N-1 edições: São Paulo, 2019.
  50. Warburg, Aby. “Dürer e a antiguidade italiana”. Cadernos Benjaminianos, n. 5, Belo Horizonte, jan.-jun. 2012, pp. 66-72.
  51. Warburg, Aby. “Mnemosyne”. Em Dossiê Aby Warburg. Organização Cezar Bartholomeu. Revista Arte e Ensaios. Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais – EBA, UFRJ, ano XVI, número 19, 2009.
  52. White, Hayden. Trópicos do discurso: ensaios de crítica da cultura. São Paulo: EDUSP, 1994.
  53. Zacarias, Gabriel Ferreira. “Cultura Visual e Política”. Em A imagem como experimento: debates contemporâneos sobre o olhar, orgs. Schiavinatto, Iara Lis, e Patrícia Meneses. p. 125-138. Vitória: Editora Milfontes, 2020.