Filosofia chinesa contemporânea e a importância das relações de parentesco confucionistas: Li Zehou, tradição xamanista e Relacionalismo (關係 主義)

Resumo

Li Zehou faz parte dos filósofos chineses mais influentes de nosso tempo. Este artigo apresentará uma introdução crítica de sua teoria a respeito da consolidação do específico sistema confucionista de relações de parentesco, que para ele constitui uma base crucial da ordem social tradicional chinesa. No confucionismo, as relações interfamiliares formam a base do sistema social, no qual as relações interpessoais são de extrema importância e que Li, portanto, denomina de “Relacionalismo”. Segundo ele, esse modelo confucionista baseado no parentesco tem origem na ritualidade xamanística realizada pelos seres humanos neolíticos, que viviam nas terras ocupadas pela China moderna. Essas culturas neolíticas eram bastante avançadas e baseavam suas sociedades na produção semiagrícola de pequena escala, na qual as comunidades eram construídas principalmente por meio de relações de parentesco. As cerimônias xamanísticas cresceram e fortaleceram a consciência dessas unidades sociais. Esses primeiros ritos coletivos, especialmente aqueles que incluem música e dança, tiveram um efeito poderoso nos primeiros humanos, criando intensos sentimentos de respeito, amor e lealdade e, assim, formando uma base para a ordem social confucionista baseada nas relações de parentesco e na ética confucionista, enraizada na humanidade interpessoal. A teoria de Li sobre as origens xamanistas do relacionalismo confucionista será criticamente iluminada através das lentes dos estudos históricos e antropológicos atuais sobre a ritualidade xamanista e sua função dentro das ordens culturais correspondentes.