Repensando o papel do trabalho político clandestino na luta de libertação de Moçambique, anos 1950s-1970s
Publicado 2021-05-13
Palavras-chave
- Clandestinidade,
- Moçambique,
- Portugal,
- FRELIMO,
- Células
Como Citar
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Resumo
Estudos sobre clandestinidade (ou formas clandestinas de luta política) permanecem amplamente desconhecidos com somente uma pequena parte deles publicada. O estudo concentra-se no trabalho político clandestino no sul de Moçambique entre anos 1950 e 1970. O principal argumento que o estudo pretende apresentar é que, apesar da intensificação da exploração colonial em benefício do capital português, repressão violenta, prisão e negação sistemática do exercício de direitos políticos para a maioria do povo moçambicano, o povo do sul de Moçambique tinha já um período de crescimento político clandestino activo, inspirado no ambiente político internacional (a descolonização após a Segunda Guerra Mundial) e depois conectado à FRELIMO e sua plataforma. Pequenas células, ligando principalmente pessoas educadas e assimiladas, funcionários públicos, artistas, escritores, pintores, trabalhadores por conta própria e trabalhadores assalariados, desenvolveram atividades clandestinas que vão desde a tarefa política da organização até consciencialização política, propaganda e espionagem, até a tarefa de recrutamento para treino militar no exterior e apoio material e moral aos guerrilheiros. Portanto, eles combateram a propaganda do estado português e articularam uma agenda política alternativa. O trabalho político clandestino tinha conexões e continuidade com outras formas de luta, como a resistência colonial da década de 1950 e a luta da FRELIMO. O estudo combina materiais escritos primários e secundários e fontes orais com activistas / militantes políticos clandestinos.
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