v. 27 n. 1 (2021): Dossiê - Visões da História Chinesa
Seção Livre

Repensando o papel do trabalho político clandestino na luta de libertação de Moçambique, anos 1950s-1970s

Alda Romão Saúte Saíde
Universidade Pedagógica

Publicado 2021-05-13

Palavras-chave

  • Clandestinidade,
  • Moçambique,
  • Portugal,
  • FRELIMO,
  • Células

Como Citar

Romão Saúte Saíde, Alda. 2021. “Repensando O Papel Do Trabalho político Clandestino Na Luta De libertação De Moçambique, Anos 1950s-1970s”. Locus: Revista De História 27 (1):390-415. https://doi.org/10.34019/2594-8296.2021.v27.30768.

Resumo

Estudos sobre clandestinidade (ou formas clandestinas de luta política) permanecem amplamente desconhecidos com somente uma pequena parte deles publicada. O estudo concentra-se no trabalho político clandestino no sul de Moçambique entre anos 1950 e 1970. O principal argumento que o estudo pretende apresentar é que, apesar da intensificação da exploração colonial em benefício do capital português, repressão violenta, prisão e negação sistemática do exercício de direitos políticos para a maioria do povo moçambicano, o povo do sul de Moçambique tinha já um período de crescimento político clandestino activo, inspirado no ambiente político internacional (a descolonização após a Segunda Guerra Mundial) e depois conectado à FRELIMO e sua plataforma. Pequenas células, ligando principalmente pessoas educadas e assimiladas, funcionários públicos, artistas, escritores, pintores, trabalhadores por conta própria e trabalhadores assalariados, desenvolveram atividades clandestinas que vão desde a tarefa política da organização até consciencialização política, propaganda e espionagem, até a tarefa de recrutamento para treino militar no exterior e apoio material e moral aos guerrilheiros. Portanto, eles combateram a propaganda do estado português e articularam uma agenda política alternativa. O trabalho político clandestino tinha conexões e continuidade com outras formas de luta, como a resistência colonial da década de 1950 e a luta da FRELIMO. O estudo combina materiais escritos primários e secundários e fontes orais com activistas / militantes políticos clandestinos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. AHM, caixa2626, PIDE/DGS – Delegação de Moçambique – Relatório imediato – Confidencial – Inhamabne. 1969.
  2. AHM 1032 A e B – Interview, Amaral Matos, Maputo, 1986.
  3. AHM 1033A e B – Interview, Amaral Matos, Maputo, 1986.
  4. Cruz e Silva, Teresa. “A Rede Clandestina da FRELIMO em Lourenço Marques (1960-1974)”. Tese de Licenciatura, Maputo, UEM, 1986.
  5. Dava, Fernando, R. Dove and R. Muthemba. Vida e Obra de Mateus Sansão Muthemba. Maputo: Académica, 2008.
  6. Hedges, David, coord. História de Moçambique: Moçambique no auge do Colonialismo, 1930-1961. Maputo: Imprensa da UEM, 1993.
  7. Honwana, R.H. Memórias. Lisboa: Edições ASA, 1989.
  8. Houston, Gregory. “The ANC’s internal underground political work in the 1980s” in: The Road to the democracy in South Africa, vol. 4. The Road of Democracy in South Africa, ed. SADET, 133-222. (Pretoria: Unisa Press, 2010).
  9. Interview, Adelina Bernardino Paindane, Maputo, 25 March 2016.
  10. Interview, Albino Maheche, Maputo, 29 March 2016.
  11. Interview, Alice Chongo, Maputo, 4 March 2016.
  12. Interview, Armando Pedro Muiuane, Maputo, 8 and 12 January 2016.
  13. Interview, Cadmiel Filimone Muthemba, Maputo, 22 de January 2016.
  14. Interview, Fernando Andrade Fazenda Mbeve, Maputo, 19 May 2016.
  15. Interview, José Luís Chissano, Maleíce, 17 February 2016.
  16. Interview, Juvenália Abiatar Muthemba, Maputo, 15 January 2016.
  17. Interview, Lino Lhongo,Maputo, 8 June 2016.
  18. Interview, Luís Bernardo Honwana, Maputo, 25 January 2016.
  19. Interview, Maria Chissano Vilanculos, Maputo, 19 May 2007 and 4 February 2016.
  20. Interview, Rogério Daniel Ndawana (Ndjawana), Maputo, 5 February 2016.
  21. Interview, Rosália Tembe, Maputo, 6 September, 2007.
  22. Interview, Rufina Muthemba, Maputo, 24 March 2016.
  23. Interview, Virgínia Tembe, Maputo, 4 March 2016.
  24. Isaacman, Allen and Barbara Isaacman. Mozambique: From Colonialism to Revolution, 1900-1982. Colorado: Westview Press, Inc, 1983.
  25. Kasrils, R. ‘Armed and Dangerous’: My undercover struggle against apartheid. Oxford: Heinemann Educational Publishers, 1993.
  26. Loforte, Luís. Domingos Arouca: As cobras (Autobtiografia – I Parte). Maputo: Pemba & Sêwi editors, 2020.
  27. Machel, Samora Moisés. O Processo da Revolução Democrática Popular em Moçambique. Maputo: Departamento de Informação e Propaganda, s/d.
  28. Mateus, Dalila Cabrita. A PIDE/DGS na Guerra colonial 1961-1974. Lisboa: Terramar, 2004.
  29. Mateus, Dalila Cabrita. Memórias do Colonialismo e da Guerra. Lisboa: ASA, 2006.
  30. Mateus, Dalila Cabrita and A. Mateus. Nacionalistas de Moçambique: da Luta armada à Independência. Portugal: Textos Editores, Lda, 2010.
  31. Matusse, Renato. GUEBUZA: A paixão pela Terra. Maputo: Macmillan, 2004.
  32. Matusse, Renato and J. Malique. Josina Machel: Ícone da emancipação da Mulher moçambicana. Maputo: ARPAC, 2008.
  33. Mboa, Matias. Memórias da Luta Clandestina. Maputo: Marimbique, 2009.
  34. Mondlane, Eduardo. Lutar Por Moçambique. Maputo: Colecção “Nosso Chão”, 1995.
  35. Muiuane, Armando Pedro. Datas e Documentos da História da FRELIMO. Maputo: CIEDIMA, 2006.
  36. Mussanhane, Ana Bouene. Protagonistas da Luta de Libertação Nacional. Maputo: Marimbique, 2012.
  37. Ndelana, Lopes Tembe. Da UDENAMO à FRELIMO e à Diplomacia Moçambicana. Maputo: Marimbique, 2012.
  38. Neves, Olga Maria Lopes Serrão Iglésias. “O Movimento Associativo Africano em Moçambique: Tradição e Luta (1926-1962)”. Tese de Doutoramento, Lisboa, Universidade de Nova Lisboa, 2008.
  39. Peixoto, Carolina Barros Tavares & Meneses, Maria Paula. “Domingos Arouca: um percurso de militância nacionalista em Moçambique.” TOPOI, v.14, 26, jan./jul. 2013, 86-104. https://doi.org/10.1590/2237-101x014026006
  40. Sociedade Independente de Comunicação (Soico), 50 Anos de História: 20 Depoimentos que marcaram uma época. Maputo: Textos Editores, 2012.
  41. Souto. Amélia Neves. Caetano e o caso do “Império”: Administração e Guerra colonial em Moçambique durante o Marcelismo (1968-1974). Porto: Edições Afrontamento, 2007.
  42. Suttner, Raymond. The ANC Underground in South Africa to 1976. South Africa: Jacana Media, 2008.
  43. Tembe, Joel, coord. História da luta de libertação Nacional. Vol.1. Maputo: Ministério dos Combatentes, 2014.