Interações potenciais entre os medicamentos comumente prescritos em cirurgia oral e os medicamentos em uso pelo paciente: estudo piloto

Autores

  • Lavínea Silva de Lima Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7744-9426
  • Máysa da Silva Gonçalves Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil.
  • Júlia de Souza Faria Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil.
  • Camila Pereira de Araújo Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil. https://orcid.org/0009-0004-6888-8533
  • Matheus Furtado de Carvalho Departamento de Clínica Odontológica, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4485-9314
  • Breno Nogueira Silva Departamento de Clínica Odontológica, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil https://orcid.org/0000-0001-5655-4684
  • Pamela Souza Almeida Silva Gerheim Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2023.v49.37911

Palavras-chave:

Farmacologia, Cirurgia Bucal, Efeitos Colaterais e Reações Adversas Relacionados a Medicamentos, Interações Medicamentosas

Resumo

Introdução: A alta prevalência do uso de medicamentos na população brasileira pode interferir na prescrição odontológica. Objetivos: Identificar os medicamentos em uso por pacientes atendidos em uma clínica de cirurgia oral menor e estimar os riscos de interações medicamentosas (IM) potenciais com fármacos comumente prescritos em procedimentos cirúrgicos. Materiais e Métodos: Realizou-se um estudo piloto analítico e transversal, sendo incluídos 24 pacientes atendidos na Clínica de Cirurgia Oral da Faculdade de Odontologia de uma universidade pública brasileira. Os dados foram coletados por meio de um questionário exploratório. Todos os medicamentos foram classificados no sistema Anatomical Therapeutic Chemical (ATC). As IM potenciais foram analisadas no banco de dados do Drugs® após correlação entre os medicamentos em uso pelo paciente e os medicamentos comumente prescritos em cirurgia oral. Resultados: Observou-se prevalência de 66,7% (n= 16) no uso de pelo menos 1 medicamento dentre os pacientes atendidos na clínica de cirurgia oral, com média de 3,5 (±2,2) medicamentos, sendo a polifarmácia identificada em 16,6% pacientes (n= 4). A média de idade dos usuários de medicamentos foi de 52 (±16) anos e totalizou-se 56 medicamentos. Os fármacos mais prevalentes foram aqueles atuantes nos sistemas nervoso e cardiovascular. Quando simuladas as adições dos fármacos comumente prescritos em cirurgia oral (anti-inflamatórios, analgésicos e antimicrobianos) aos medicamentos em uso pelos 16 pacientes, identificou-se 75 IM potenciais diferentes, sendo 61 (81%) de gravidade moderada e 14 (19%) de gravidade alta. As IM potenciais mais frequentes foram de anti-hipertensivos com anti-inflamatórios, enquanto as de importância clínica grave envolveram fármacos de ação central e analgésicos opioides. Conclusão: Observou-se alta prevalência na utilização de medicamentos pelos pacientes atendidos na clínica de cirurgia oral, com importante risco de interações com medicamentos prescritos em procedimentos cirúrgicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Leite SN, Vieira M, Veber AP. Drug utilization studies: a synthesis of articles published in Brazil and Latin America. Ciência Saúde Coletiva. 2008; 13(Sup):793-802. DOI: 10.1590/S1413-81232008000700029

Bertoldi AD, Pizzol T da SD, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL, Tavares NUL et al. Sociodemographic profile of medicines users in Brazil: Results from the 2014 PNAUM survey. Rev Saúde Pública. 2016; 50(2):1-11. DOI: 10.1590/S1518-8787.2016050006119

Costa CMFN, Silveira MR, Acurcio FA, Guerra Júnior AA, Guibu IA, Costa KS et al. Utilização de medicamento pelos usuários da atenção primária do Sistema Único de Saúde. Rev Saúde Pública. 2017; 51(suppl 2). DOI: 10.11606/S1518-8787.2017051007144

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Glossário da Resolução n° 04, de 10 de fevereiro de 2009 [Internet]. [citado em 2021 jul. 15]. Acesso em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/res0004_10_02_2009.html.

Andrade ED. Terapêutica medicamentosa em odontologia. 3. ed. São Paulo: Editora Artes Médicas; 2014. 250 p.

Lima LS, Gonçalves, MS, Faria JS, Araújo CP, CARVALHO MF, Silva BN et al. Prevalência do uso de medicamentos anticolinérgicos em pacientes que necessitam de cirurgia bucal e possíveis interações medicamentosas: estudo piloto. Braz J Surg Clin Res. 2021; 36(1):36-41.

Atkinson JC, Grisius M, Massey W. Salivary hypofunction and xerostomia: diagnosis and treatment. Dent Clin North Am. 2005; 49(2):309-26 DOI: 10.1016/j.cden.2004.10.002

Campos WG, Esteves CV, Costa K, Andrade ACP, Domaneschi C, Lemos CA. Xerostomia in the older adult population, from diagnosis to treatment. Clin Lab Res Dent. 2019; 1-7.

Torriani MS, Santos L, Barros E. Interações medicamentosas. In: Santos L, Torriani MS, Barros E. Medicamentos na prática da farmácia clínica. Porto Alegre: Artmed; 2013.

Ouanounou A, Ng K, Chaban P. Adverse drug reactions in dentistry. Int Dent J. 2020; 70(2):79-84. DOI: 10.1111/idj.12540

Castilho LS, Paixão HH, Perini E. Prescrição de medicamentos de uso sistêmico por cirurgiões-dentistas, clínicos gerais. Rev Saúde Pública. 1999; 33(3):287-94. DOI: 10.1590/S0034-89101999000300010.

Vissink A, Brinkma DJ, Roggen W, Stegenga B, Spijkervet FKL. Medicaments and oral healthcare: mechanisms of interaction between medicaments. Ned Tijdschr Tandheelkd. 2019; 126(1):31-6.

Padoin K, Comarella L, Solda C. Medicamentos comumente prescritos na odontologia e suas principais interações medicamentosas: revisão de literatura. J Oral Investig. 2018; 7(1):62-76. DOI: 10.18256/2238-510X.2018.v7i1.2014

Drugs.com. Find drugs & conditions [Internet]. c1996-2021. [citado em 2021 mar. 18]. Acesso em: https://www.drugs.com/.

Ben AJ, Neumann CR, Mengue, SS. Teste de Morisky-Green e Brief Medication Questionnaire para avaliar adesão a medicamentos. Rev Saúde Pública. 2012; 46(2):279-89. DOI: 10.1590/S0034-89102012005000013

World Health Organization. Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology: Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) Classification Index 2016 [Internet]. Oslo: 2016. [citado em 2016 mar. 10]. Acesso em: http://www.whocc.no/atc_ddd_index/

Morethson P, Junior, OC. Farmacologia para a clínica odontológica. 1. ed. Rio de Janeiro: Santos; 2015.

American Geriatrics Society (EUA). American Geriatrics Society 2019 updated AGS Beers Criteria® for potentially inappropriate medication use in older adults. J Am Geriatr Soc. 2019; 67(4):674-94. DOI: 10.1111/jgs.15767

World Health Organization. Medication safety in polypharmacy: technical report. World Health Organization, 2019.

Cadogan CA, Ryan C, Hughes CM. Appropriate polypharmacy and medicine safety: when many is not too many. Drug Saf. 2015; 39(2):109-16. DOI: 10.1007/s40264-015-0378-5

Nascimento RCRMD, Álvares J, Guerra Junior AA, Gomes IC, Silveira M R, Costa EA et al. Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Rev Saúde Pública. 2017; 51(supl 2):19s. DOI: 10.11606/S1518-8787.2017051007136

Dagli RJ, Sharma A. Polypharmacy: a global risk factor for idoso. J Int Oral Health. 2014; 6(6):i-ii.

Guggenheimer J, Moore PA. Xerostomia: etiology, recognition and treatment. J Am Dent Assoc. 2003; 134(1):61-9. DOI: 10.14219/jada.archive.2003.0018.

Nery RT, Reis AMM. Desenvolvimento de uma escala brasileira de medicamentos com atividade anticolinérgica. Development of a Brazilian Anticholinergic Activity Drug Scale. 2019; 17(2):1-8. DOI: 10.31744/einstein_journal/2019AO4435

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

Malta DC, Gonçalves RPF, Machado ÍE, Freitas, MIDF, Azeredo C, Szwarcwald CL. Prevalência da hipertensão arterial segundo diferentes critérios diagnósticos, Pesquisa Nacional de Saúde. Ver Bras Epidemiol. 2018; 21(suppl 1):e180021. DOI: 10.1590/1980-549720180021.supl.1

Porto CC. Interação medicamentosa. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.

Skaar DD, O’Connor H. Using the Beers criteria to identify potentially inappropriate medication use by older adult dental patients. J Am Dent Assoc. 2017; 148(5):298-307. DOI: 10.1016/j.adaj.2017.01.020

Neves ACS, Silva AMB, dos Santos JM, de Almeida LR. Potentially inappropriate medications for older adults in dental practice. International Journal of Aging Research. 2021; 4(2):83.

Brown MT, Bussell JK. Medication adherence: WHO cares? Mayo Clin Proc. 2011; 86(4):304-14. DOI: 10.4065/mcp.2010.0575

Mourão-Júnior CA, Souza ABD. Adesão ao uso de medicamentos: algumas considerações. Estud Interdiscip Psicol. 2010; 1(1):96-107.

Downloads

Publicado

2023-04-26

Como Citar

1.
Silva de Lima L, da Silva Gonçalves M, de Souza Faria J, Pereira de Araújo C, Furtado de Carvalho M, Nogueira Silva B, Souza Almeida Silva Gerheim P. Interações potenciais entre os medicamentos comumente prescritos em cirurgia oral e os medicamentos em uso pelo paciente: estudo piloto. HU Rev [Internet]. 26º de abril de 2023 [citado 24º de novembro de 2024];49:1-10. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/37911

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)