Tendência temporal e o perfil epidemiológico da sífilis congênita no Ceará (2009-2018)

Autores

  • Francisco José Ferreira Filho Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cajazeiras https://orcid.org/0000-0003-0876-2969
  • José Ferreira Lima Júnior Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cajazeiras
  • Maria Rosilene Candido Moreira Universidade Federal do Cariri, Campus Barbalha https://orcid.org/0000-0002-9821-1935

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2021.v47.33504

Palavras-chave:

Estudos de Séries Temporais, Perfil de Saúde, Sífilis Congênita

Resumo

Introdução: Na última década, houve aumento na prevalência de sífilis congênita (SC) em algumas regiões, e o Brasil liderou o número de casos na América Latina. Objetivo: Analisar a tendência temporal e o perfil clínico-epidemiológico da sífilis congênita no Ceará entre 2009 e 2018. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo ecológico com abordagem de séries temporais, tendo como cenário o estado do Ceará. Os dados foram provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. A análise dos dados foi realizada no pacote estatístico Statistical Program For Social Sciences (SPSS) 20.0 e no Microsoft Excel 2013®, procedendo-se análise descritiva e inferencial dos dados, por meio de regressão linear simples, a qual foi classificada como crescente, estacionária e decrescente, de acordo com o coeficiente angular. Para verificar a normalidade foi realizado o teste de Shapiro-Wilk. Resultados: Na série temporal analisada contabilizou-se 10.392 casos de SC, havendo um aumento de 91,63% na comparação entre os anos de 2009 e 2018, assim como aumento da taxa de incidência, passando de 5 para 9,57 casos/1.000 nascidos no mesmo período. O número de parceiros tratados (15,25%) e de mães que realizaram o tratamento de forma adequada (4,72%) permaneceram baixos. Mães que tinham ensino superior corresponderam apenas a 0,55% do total das notificações; enquanto que quase 90% das mães notificadas eram pardas. Conclusão: Os resultados demonstram um aumento da incidência de sífilis congênita acompanhado de terapêutica inadequada, destacando a necessidade de melhorar a qualidade da assistência pré-natal e demais cenários da atenção integral à saúde sexual e reprodutiva.

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Referências

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Publicado

2021-06-07

Como Citar

1.
Ferreira Filho FJ, Ferreira Lima Júnior J, Candido Moreira MR. Tendência temporal e o perfil epidemiológico da sífilis congênita no Ceará (2009-2018). HU Rev [Internet]. 7º de junho de 2021 [citado 24º de abril de 2024];47:1-10. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/33504

Edição

Seção

Artigos Originais