Estado cognitivo do idoso não institucionalizado num distrito no Norte de Portugal
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2024.v50.43077Palavras-chave:
Idoso, Testes de Estado Mental e Demência, Depressão, EnvelhecimentoResumo
Introdução: O fenômeno do envelhecimento aumenta a probabilidade e a durabilidade de doenças crônicas, incapacidades e situações de dependência física, psíquica e social. Frequentemente são reportadas alterações mentais e cognitivas associadas ao processo de envelhecimento, tanto por profissionais de saúde como pelos próprios idosos. Objetivo: Identificar a prevalência de alterações cognitivas em idosos não institucionalizados de um distrito do Norte de Portugal, relacionando o seu estado cognitivo com variáveis sociodemográficas, avaliação sensorial, hábitos de vida, estado de saúde e estado afetivo (depressão). Material e Métodos: Investigação de metodologia quantitativa, estudo observacional, descritivo, analítico de coorte transversal, com uma amostra por conveniência. Para recolha de dados, foi utilizado um formulário composto por um questionário sociodemográfico, profissional e clínico, pela Mini Mental State Examination (MMSE), para avaliar o declínio cognitivo, e pela Geriatric Depression Scale (GDS-15), para avaliar sintomas depressivos. Resultados: A amostra foi constituída por 581 idosos residentes no distrito em análise, sendo maioritariamente do sexo feminino (85,9%), sem comprometimento cognitivo (99,3%) e sem depressão (81,1%). O estado cognitivo dos idosos não institucionalizados diferiu em função da idade (p<0,001), sexo (p= 0,020), habilitações literárias (p<0,001), profissão (p<0,001), problemas de visão (p<0,001) e audição (p<0,001), perda auditiva (p<0,001), consumo de tabaco (p= 0,012), consumo de álcool (p= 0,045), polimedicação (p<0,001) e recurso a auxiliares de marcha (p<0,001). A saúde autopercebida (p<0,001) e a condição afetiva (depressão) (p<0,001) também influenciaram o estado cognitivo dos idosos em análise. Conclusão: Os resultados indicaram, de forma geral, a ausência de comprometimento cognitivo e de sintomas depressivos nos inquiridos. Foi observado que quanto maior o nível educacional, melhor o desempenho cognitivo; quanto mais avançada a idade, pior o estado cognitivo; uma autopercepção positiva em relação à saúde associou-se a um melhor estado cognitivo; e a presença de sintomas depressivos teve um impacto negativo no estado cognitivo.
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