Representações da crise e da crítica no lado lunar da modernidade capitalista
Comentários sobre o livro de Rodrigo Cordero
Palavras-chave:
Critica, Crise, ColonialidadeResumo
O livro Crítica e Crise: sobre as frágeis fundações da vida social publicado pelo Ateliê de Humanidades Editorial (Rio: 2022) de Rodrigo Cordero nos convida a repensar os fundamentos ontológicos da crítica neste momento em que a crise dos dispositivos de poder parece se perpetuar para produzir o que C. Castoriadis (1992) sintetizou com muita pertinência há 30 anos em “O mundo fragmentado”. Minha perspectiva de abordagem do problema se afasta intencionalmente daquela perspectiva eurocêntrica que valoriza prioritariamente as verdades teóricas e filosóficas dos chamados “clássicos”. Diferentemente, entendo ser necessário valorizar a justiça epistemológica pela qual podem ser reconhecidas uma pluralidade de perspectivas, como aquelas de fronteiras do conhecimento, que permitem problematizar de modo mais objetivo o sistema-mundo atual como o resultado de diversos movimentos que Dussel (1993) denomina de transmodernidade. Como vamos observar a seguir, o desafio de repensar a crítica da crise ou a crise da crítica no atual contexto não pode ser respondido a partir das categorias epistêmicas e morais herdadas do programa eurocêntrico. Este tem limites históricos precisos dados pelo imaginário imperial, bélico e racista que impregna marcadamente as representações da modernidade ocidental, separando o que os colonizadores denominam de culturas e etnias superiores e inferiores. Então a crítica formulada a partir das fronteiras visa romper com este imaginário imperial e colonial fundado em forte hierarquia de dominação que discrimina historicamente povos e indivíduos segundo uma escala de valoração de caráter racista e patriarcal.
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