Os praças do corpo de bombeiros

masturbação e seus significados no cotidiano da firmação de Pedro Nava

Autores

  • Arthur Marinho Silva Vargas Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-2140.2022.37601

Palavras-chave:

masturbação, história da sexualidade, Pedro Nava

Resumo

Este trabalho procura analisar os discursos normativos existentes sobre a masturbação e os significados atribuídos à prática a partir das Memórias do médico e escritor Pedro Nava, em especial os livros Balão Cativo (1973) e Chão de Ferro (1976), que compreendem a etapa de formação do narrador, ou seja, parte de sua infância e adolescência. A masturbação possui uma história que tem no século XVIII um ponto de inflexão, quando atribui-se a ela qualidades patológicas e uma vinculação com a quebra de princípios éticos valorizados na sociedade moderna. Os discursos normativos que surgiram a partir de então tiveram repercussão no Brasil, fazendo parte do cotidiano disciplinar das instituições escolares pelas quais Pedro Nava passou como aluno interno. Contudo, apesar de ser considerada um interdito, a masturbação era parte importante da vivência dos alunos desses estabelecimentos, constituindo um dos meios de socialização masculina e da formação do indivíduo enquanto Sujeito de prazer.

 

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Publicado

2022-12-20

Como Citar

Marinho Silva Vargas, A. (2022). Os praças do corpo de bombeiros: masturbação e seus significados no cotidiano da firmação de Pedro Nava . CSOnline - REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, (35), 231–254. https://doi.org/10.34019/1981-2140.2022.37601

Edição

Seção

Dossiês