As “famílias que escolhemos” pelo Facebook
notas sobre Inseminação Caseira, tentantes e doadores
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-2140.2021.33885Palavras-chave:
Reprodução humana, Inseminação Caseira, Parentesco, Coprodução natureza-culturaResumo
O presente escrito trata da “Inseminação Caseira” em seres humanos. Diferente do que ocorre em clínicas e centros profissionais de reprodução assistida, sob o rótulo de Inseminação Caseira repousam alternativas informais e caseiras para a reprodução e constituição de arranjos familiares. Apoiado em materiais diversos (grupos temáticos na plataforma Facebook, reportagens, documentos e vídeos na plataforma YouTube), o objetivo deste artigo é analisar os modos pelos quais essa alternativa reprodutiva tem sido apresentada e que contribuições agrega para pensarmos temas tratados sob as rubricas parentesco, ciência e tecnologia. Para tal, intelectuais como Kath Weston, Marilyn Strathern, Charis Thompson e Claudia Fonseca foram consultadas como fonte de inspiração. Aliadas e outras referências que cito de forma pontual, essas intelectuais fornecem a grade teórica por meio da qual tento compreender a Inseminação Caseira e algumas de suas particularidades. As análises realizadas sugerem que, nas escolhas e práticas levadas adiante na busca pelo “sonho” da maternidade, tentantes e doadores negociam laços de pertencimento. Para tal, atuam tanto “naturalizando” aspectos que escapam de laços biogenéticos, quanto negando o que poderia ser considerado natural e irrevogável. Se em alguns momentos se atribui mais ênfase ou valor a aspectos biogenéticos, isso não impede que, de forma simultânea e proporcional, se invista na produção de outras tantas formas de conexão e pertencimento.
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