PRORROGADO O PRAZO: Chamada de trabalhos para o dossiê: "Teoria política feminista: gênero, poder e instituições"

2025-05-26

Foi extendido o prazo para a recepção de submissão de trabalhos para o dossiê "Teoria política feminista: gênero, poder e instituições". Até o dia 23/06 os/as autores/as podem enviar seus trabalhos por nossa plataforma.

O dossiê é organizado por Thaís de Almeida Lamas (IESP-UERJ), Ana Paula Lima dos Santos (IESP-UERJ) e Graziela Souza da Silva (IESP-UERJ).

O dossiê temático propõe reunir artigos que explorem as contribuições da teoria política feminista para as Ciências Sociais, enfatizando o gênero como uma categoria analítica essencial para a compreensão do poder, das instituições e dos processos políticos. O objetivo é fomentar um debate crítico e plural sobre os desafios contemporâneos para a igualdade de gênero e a participação política das mulheres, considerando as interseccionalidades e as especificidades do contexto latino-americano. A estrutura do dossiê será organizada em três eixos principais. O primeiro aborda as críticas feministas à teoria política tradicional, examinando como conceitos fundamentais – como democracia, identidade, cidadania, contrato social e justiça – foram reformulados a partir de uma perspectiva feminista. O segundo eixo, gênero e representação política, investiga os desafios enfrentados por mulheres e grupos marginalizados na ocupação de espaços políticos, analisando a relação entre representação descritiva, substantiva e simbólica, além das dinâmicas de gênero em partidos políticos, sistemas eleitorais e parlamentos no Brasil e na América Latina. O terceiro eixo, esfera pública, democracia e gênero, examina a reconfiguração das disputas políticas diante do avanço do reacionarismo, explorando os embates em torno dos direitos civis, políticos e sociais de mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+, bem como o papel dos contrapúblicos subalternos na contestação dessas desigualdades. A justificativa para a proposta do dossiê baseia-se no impacto histórico da teoria política feminista na ampliação das Ciências Sociais e na crítica estrutural à teoria política clássica. Autoras como Susan Okin, Martha Nussbaum, Carole Pateman, Iris Marion Young, Nancy Fraser e Anne Phillips foram fundamentais para revelar a exclusão de mulheres dos processos de tomada de decisão. No contexto latino-americano, María Lugones e Ochy Curiel contribuíram com análises sobre colonialidade e patriarcado, aprofundando a compreensão desse debate, assim como o conceito de interseccionalidade desenvolvido por Kimberlé Crenshaw e Patricia Hill Collins. A relevância do tema também se reflete no cenário político atual, marcado pelo crescimento de movimentos conservadores e pelo questionamento de políticas de inclusão, ao mesmo tempo em que há um aumento na participação de mulheres na política. Assim, o dossiê busca oferecer uma reflexão acadêmica sobre esses desafios, promovendo um espaço interdisciplinar para análises teóricas e empíricas sobre o papel das mulheres e dos feminismos na política contemporânea.

O dossiê buscará articular 3 eixos principais:

1) Críticas feministas à teoria política tradicional – Análises sobre como as principais correntes do pensamento político foram desafiadas e reformuladas a partir de perspectivas feministas, abordando temas como democracia, identidade, multiculturalismo, cidadania, contrato social e justiça.

2) Gênero e representação política – Estudos sobre os desafios enfrentados por mulheres e grupos marginalizados na ocupação de espaços políticos, analisando a relação entre representação descritiva, substantiva e simbólica. Este eixo busca explorar as dinâmicas de gênero nos partidos políticos, no sistema eleitoral, no parlamento e em outras instituições políticas no Brasil e América latina.

3) Esfera pública, democracia e gênero – Este eixo investiga como o reacionarismo reconfigura as disputas em torno dos direitos civis, políticos e sociais de mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+. Busca-se compreender como a esfera pública é tensionada tanto pela mobilização de instituições estatais e espaços da sociedade civil para restringir ou preservar esses direitos quanto pela atuação dos contrapúblicos subalternos, que contestam sua exclusão e reivindicam reconhecimento.

Referências:

ASSUMPÇÃO, San Romanelli. Ambiguidades do liberalismo político feminista: reflexões sobre Martha Nussbaum à luz de questões latino-americanas. Cadernos Adenauer XIX, n.1, p. 75-91, 2018.
COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias: A interseccionalidade como teoria social crítica. São Paulo: Boitempo, 2022.
CRENSHAW, K. W. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence Against Women of Color. Stanford Law Review 43(6), p. 1241–99, 1991.
CURIEL, O. Descolonizando el feminismo: una perspectiva desde América Latina y el Caribe. Coordinadora Feminista 16/12/2009. Disponível em: http://feministas.org/descolonizando-el-feminismo-una.html.
FRASER, N. “From Redistribution to Recognition? Dilemmas of Justice in a ‘Postsocialist’ Age”. In: OLSON, K. (ed.). Adding Insult to Injury. Nancy Fraser Debates Her Critics. Londres, Nova Iorque: Verso Books, 2008.
LUGONES, M. “Rumo a um feminismo descolonial”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, set.-dez. 2014.
NUSSABUM, M. Sex and Social Justice. Oxford: Oxford University, 1999.
PATEMAN, C. O Contrato Sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
PITKIN, H. F. Fortune is a Woman. Gender and Politics in the Thought of Niccolo Machiavelli. Chicago: University of Chicago Press, 1999.
PHILLIPS, A. The Politics of Presence. Oxford: Oxford University Press, 1998.

Atenciosamente,
Equipe Editorial CSOnline