O que procura? A digitalização do desejo e as performances de masculinidades no aplicativo GRINDR

Autores

  • Ramon Silva Costa UFJF

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-2140.2020.29262

Palavras-chave:

Masculinidades; Grindr; Gênero; Homossexualidade; Sexualidade.

Resumo

O artigo aborda o processo de digitalização das relações homossexuais como parte dos efeitos dos avanços tecnológicos da contemporaneidade. Questiona: como os perfis do aplicativo Grindr em Juiz de Fora performam masculinidades? E quais masculinidades são essas? O objetivo é compreender como os usuários realizam performances acerca de suas masculinidades no ambiente digital. A metodologia empregada baseia-se em uma revisão bibliográfica, observação dos perfis e posterior análise de discurso multimodal em torno dos textos e fotos utilizadas por quatro usuários do aplicativo de relacionamento. Conclui-se que, as performances do aplicativo remontam performances existentes no meio sociocultural através dos recursos multimodais oferecidos pelo aplicativo. No entanto, os usuários apresentam uma pluralidade de representações do masculino, sendo um comportamento comum, a busca por parceiros com perfis semelhantes, a centralidade no corpo e sua estética e também a presença de perfis preocupados em manter em sigilo a orientação homossexual. Existem outros perfis que se descrevem e buscam por homens que não respondam ao estereotipo de comportamentos homossexuais e que exprimam uma masculinidade hegemônica, centrada na virilidade e heteronormatividade. Além disso, houve a análise de um perfil subversivo, que em seu texto contraria essas percepções trazidas pelos demais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAUMAN, Z. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed. 2007.
BIANCHI, E. Caminhos de prazer, caminhos de lazer: imagens corporais de desejo na rede geosocial Grindr. In: XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2014. Anais Eletrônicos... Foz do Iguaçu. 2014. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/lista_area_DT6-CU.htm>. Acesso em: 10.jun. 2019.
BONFANTE, G. M. Erótica dos signos nos aplicativos de pegação: processos multissemióticos em performances íntimo-espetaculares de si. Rio de Janeiro, 2016.
BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro, 2003.
CARVALHO, C. A. Jornalismo, Homofobia e Relações de Gênero. Curitiba: Appris, 2012.
CASTELLS, M. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges, revisão Paulo Vaz. Rio de Janeiro, 2003.
CONNELL, R. W. Políticas da Masculinidade. Educação & Realidade, 20 (2). 1995, pp. 185-206.
CONNEL, R. W. La organización social de la masculinidad, pp. 31-48. In T Valdés e J Olavarría (eds). Masculinidades: poder e crisis. Ediciones de las Mujeres 24. Isis Internacional, Santiago. 1997.
COUTO, E. S; FRANÇA, J. D; NASCIMENTO, S. P. Grindr e Scruff: Amor e sexo na cibercultura. Simsocial, Salvador, 2013. Disponível em: <http://gitsufba.net/anais/wp-content/uploads/2013/09/13n1_grindr_49464.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2019.
FINKEL, E. J. et al. 2012. “On-line dating: a critical analysis from the perspective of psychological science”. Psychological Science in the Public Interest, London, Sage, v. 13, n. 1, 2000 pp. 3-66.
FOUCAULT, M. A história da Sexualidade: I. Rio de Janeiro, 1993.
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Editora Vozes: Petrópolis 1999.
GRINDR, Termos de Serviço. Disponível em: <https://www.grindr.com/terms-of-service/>, Acesso em: 05 jul. 2019.
GROHMANN, R. Não sou/não curto: sentidos circulantes nos discursos de apresentação do aplicativo Grindr. Sessões do Imaginário, v. 21, n. 35, 2016.
IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2017. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23445-pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada-quatro-domicilios-do-pais>. Acesso em: 19 jul. 2019.
KRESS, G.; Van LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design.
London: Routledge, 1996.
LAUMANN, E. et al. . The social organization of sexuality. Chicago, 2000.
LE BRETON, D. Individualização do corpo e tecnologias contemporâneas. In. COUTO, Edvaldo Souza; GOELLNER, Silvana Vilodre. (Org). O Triunfo do Corpo: polêmicas contemporâneas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
LEMOS, André. Mobilidade e espaço urbano. (In): BEIGUELMAN, Giselle; La FERLA, Jorge. Nomadismos tecnológicos. São Paulo: editora Senac São Paulo, 2011.
LEVY, P. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. Tradução de Maria Lúcia Homem e Ronaldo Entler. São Paulo: Editora 34, 2001).
MAFFESOLI, M. O tempo retorna: Formas elementares da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
MAIA, J; BIANCHI, E. Tecnologia de geolocalização: Grindr e Scruff redes geosociais gays. LOGOS Cidades, Culturas e Tecnologias Digitais, v. 2, n. 24, 2014. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/14157>. Acesso em: 2 jul 2019.
MARTINS FILHO. Novas formas de sociabilidade nas metrópoles contemporâneas: uma investigação acerca do uso do Grindr. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/209/272>. Acesso em: 17 jun. 2019.
MISKOLCI, R. San Francisco e a nova economia do desejo. Lua Nova (91), São Paulo, 2014, pp. 269-295.
MISKOLCI, R. Desejos Digitais: uma análise sociológica da busca por parceiros on-line. Belo Horizonte, 2017.
MONICA, E. F; COSTA, R.S. A Proteção de Dados frente à Prostituição Masculina em Aplicativos. In: I Seminario Internacional sobre Democracia, Ciudadanía y Estado de Derecho, 2019, Vigo. Actas I Seminario Internacional sobre Democracia, Ciudadanía y Estado de Derecho, 2019. p. 139-147. Disponível em: < http://sidecied.com/wp-content/uploads/2019/06/Actas-1oSidecied.pdf>. Acesso em 12 nov. 2019.
OLIVEIRA, P. P. Discursos sobre a masculinidade. Revista Estudos Feministas,vol. 06, n. 1. Rio de Janeiro 1998 p. 91-112.
PINHEIRO, P. A. Construção multimodal de sentidos em um vídeo institucional: (novos) multiletramentos para a escola. veredas - revista de estudos linguísticos , v. 19, p. 209-224, 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufjf.br/index.php/veredas/article/view/24920>. Acesso em 15. Jul.2019.
REZENDE, R; COTTA, D. “Não curto afeminado”: homofobia e misoginia em redes geossociais homoafetivas e os novos usos da cidade. Contemporânea Comunicação e Cultura, v. 13, n. 2, maio-ago, 2015.
RIBEIRO, C. S. K; SOUZA, R. V. Consumo e Performance em Redes Geossociais Homoafetivas: as Narrativas de Usuários do Aplicativo Grindr. Anais Intercom– Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Curitiba-PR. 2017.
SANTAELLA, L. Comunicação ubíqua: repercussões na cultura e na educação. 1ª ed. São Paulo: Paulus, 2013.
SCHECHNER, R. O que é performance? [S. l.], 2006. Disponível em: <https://performancesculturais.emac.ufg.br/up/378/o/O_QUE_EH_PERF_SCHECHNER.pdf>. Acesso em 20 jul. 2019.
SEDGWICK, E. K. Epistemology of the Closet. Hemel Hempstead: Harvester Wheatsheaf, 1991.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, , 1995. v. 2, n. 20 . Porto Alegre, p. 71-100.

Downloads

Publicado

2021-04-19

Como Citar

Silva Costa, R. (2021). O que procura? A digitalização do desejo e as performances de masculinidades no aplicativo GRINDR. CSOnline - REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, (32), 188–213. https://doi.org/10.34019/1981-2140.2020.29262

Edição

Seção

Artigos