UMA REFLEXÃO SOCIOLÓGICA SOBRE A INTERPRETAÇÃO DE COMPORTAMENTOS ANIMAIS
Abstract
De um modo geral, as pessoas se chocam quando leem ou ouvem relatos sobre comportamentos ditos “inesperadors” no mundo animal tais como suicídio, altruísmo, compaixão, inveja, etc., afinal, teriam os animais moralidade ou algum senso de justiça? Nesse sentido, o presente artigo foi concebido diante da seguinte questão: por que esses comportamentos nos surpreendem tanto? Aparentemente, e ao menos no conexto ocidental ou moderno, essa questão se relaciona sobretudo com a distinção entre natureza/cultura e instinto/inteligência – e dos respectivos princípios em que estas categorias são construídas. Assim, ilustra-se como a noção de instinto é utilizada para explicar variados comportamentos animais, e o argumento central é que aqueles comportamentos reconhecidos como estranhos ou bizarros são justamente aqueles que não são facilmente explicados pela noção de instinto. Como material para discussão, dois exemplos são explorados: 1) o uso da ideia de “instinto” para distinguir sociedades animais de sociedades humanas, e 2) as interpretações de alguns comportamentos “estranhos” entre golfinhos, com base em comentários publicados em duas reportagens eletrônicas. Com base na análise dos comentários, conclui-se que há uma multiplicadede de interpretações em relação a essescomportamentos, expondo-se os limites da categoria instinto enquanto principíio explicativo. Por fim, questiona-se em que medida esses exemplos podem ilustrar uma mudança nas concepções sobre os animais nos dias de hoje.
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