Subdiagnóstico de hanseníase na Atenção Primária em Saúde e prevenção de incapacidades
Palabras clave:
Atenção Primária à SaúdeResumen
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, granulomatosa e curável, que tem como agente etiológico o bacilo Mycobacterium leprae. Ele tem predileção pelas células do sistema reticuloendotelial, histiócitos do sistema nervoso periférico e células da pele e mucosa nasal. As manifestações clínicas são acometimento cutâneo, caracterizado por máculas hipocrômicas, hipo ou anestésicas, ou até mesmo placas, nódulos, tubérculos e infiltração sem lesões de pele aparentes e acometimento de nervos periféricos. Com a progressão da doença, as manifestações dermatoneurológicas convergem-se às deformidades, mutilações e incapacidades. Este relato objetiva evidenciar a importância do diagnóstico correto e precoce desta patologia, essenciais para a redução dos impactos no funcionamento global dos pacientes hansênicos. O caso trata-se de uma mulher de 62 anos, apresentando manchas eritematosas e prurido, procura Unidade Básica de Saúde após não obter melhora com o tratamento para “alergia”. Também relatava visão turva, obstrução nasal, artralgia, parestesia em membros superiores e inferiores, com dificuldade de manipular objetos, resultando em dificuldade em suas atividades cotidianas. Ao exame físico apresentava máculas hipocrômicas por todo o corpo, atrofia de quirodáctilos e pododáctilos, atrofia hipotenar, espessamento dos nervos ulnar e cianose nos pés. O diagnóstico de hanseníase foi feito clinicamente e confirmado com a baciloscopia positiva. Como seguimento, foram retiradas as suas aplicações mensais de corticosteroide e foi estabelecida a poliquimioterapia multibacilar. Nesse caso, o diagnóstico e tratamento foi postergado por cinco anos, piorando seu prognóstico quanto às incapacidades físicas. Apesar do Mato Grosso ser considerado estado hiperendêmico para a hanseníase, profissionais da saúde ainda encontram certa dificuldade na identificação da patologia, devido ao seu amplo espectro de apresentações clínicas. Conclui-se que a detecção precoce de novos casos, por meio do diagnóstico da doença, investigação de contatos e o tratamento adequado com poliquimioterapia são essenciais para evitar sequelas e incapacidades resultantes da falta de acompanhamento adequado.