Episiotomia rotineira: violência obstétrica prevenível na Atenção Primária à Saúde

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Keywords:

Atenção Primária à Saúde

Abstract

A violência obstétrica (VO) é um termo descrito por desrespeito às gestantes e puérperas que resulta na violação de autonomia e dos direitos humanos das mulheres, fato que está muito presente nas maternidades brasileiras, pois, de acordo com Tesser et al, cerca de 1/4 das mulheres que tinham parido, e também aproximadamente metade das que abortaram, relataram alguma forma de VO. Um exemplo de VO é a realização rotineira da episiotomia, que consiste em uma incisão efetuada no períneo para ampliar o canal de parto. O objetivo deste trabalho é expor o problema da VO no Brasil, destacando a episiotomia rotineira, discutir a falta de informação de profissionais da saúde e gestantes acerca desse tema, propondo medidas de prevenção quaternária. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica nas bases de dados Scielo, Pubmed e UpToDate, orientada pelos descritores “episiotomia”, “doença iatrogênica”, “prevenção quaternária” e ”períneo”, em língua inglesa e portuguesa, dos últimos 5 anos. Quando a episiotomia (Imagem 1) é feita seletivamente, reduz o risco de complicações precoces e futuras e, quando não feita corretamente, também pode apresentar consequências. Entretanto, no Brasil, grande parte é realizada rotineiramente, pois a OMS recomenda a realização de 15% a 30% dos partos e é presente em aproximadamente 56% em todo o país e em quase 75% das primíparas. Além disso, não há evidências científicas que comprovem seu uso rotineiro e, na maioria das vezes, esta não é feita sob orientação e consentimento informado da mulher, o que pode ser considerado uma violência. De acordo com Carniel et al, as razões encontradas para a realização rotineira e não seletiva da episiotomia são o despreparo, intolerância e impaciência dos profissionais obstetras. Salienta-se que mulheres submetidas ao procedimento, em sua maioria, desconhecem o termo e sua necessidade. Além disso, a maioria das parturientes desconhecem seus direitos e as formas de VO, o que as deixam vulneráveis a procedimentos desnecessários. Frente a esses fatos, é sugerido, na Atenção Primária à Saúde (APS), para prevenção quaternária dessa violência obstétrica, a elaboração do Plano de Parto (PP) (Esquema 1), juntamente com acompanhamento multidisciplinar e ações coletivas e educativas para gestantes, tais como rodas de conversa e debates sobre o parto, procedimentos, direitos, violência obstétrica e sobre as incertezas que podem ocorrer durante o parto, exibição de documentários e filmes sobre o tema e aulas coletivas de ginástica pélvica, a fim de preparar e fortalecer a região perineal para o momento do parto. Em conclusão, é necessário divulgar o conceito de PP, VO e treinar adequadamente os profissionais nos espaços assistenciais, acadêmicos e decisórios dentro do sistema de saúde. Cabe ao profissional da APS elaborar o PP  durante as consultas pré-natal, anexá-lo à ficha da paciente e realizar as ações coletivas  educacionais no PSF.

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Author Biographies

Laís Beluci Camargo, Universidade São Francisco (USF)

Acadêmica de medicina.

Thais Greatti Vieira, Universidade São Francisco (USF)

Acadêmica de medicina.

Gustavo Maximiliano Dutra da Silva, Universidade São Francisco (USF)

Mestre e Doutor em Pesquisa em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Professor convidado de Ginecologia, Obstetrícia e Sexologia do curso de medicina da Universidade São Francisco (USF); Professor do curso de Medicina do Centro Universitário das Américas (FAM); médico ginecologista obstetra efetivo na Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo - CRSM, Hospital Pérola Byington, e na UGA IV do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros. É membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e da International Society for Sexual Medicine (ISSM) e professor orientador da Liga de Ginecologia e Obstetrícia "Prof. Waldemar Muniz" do curso de medicina da USF.

Published

2021-06-01

Issue

Section

Resumos