EDUCAÇÃO POPULAR COMO MÉTODO DE ANÁLISE: RELAÇÕES ENTRE MEDICINA POPULAR E A “SITUAÇÃO-LIMITE” VIVENCIADA POR TRABALHADORES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA
Keywords:
Educação em saúde, Medicina tradicional, Plantas medicinais, Saúde da População RuralAbstract
A Educação Popular enquanto abordagem metodológica foi utilizada em pesquisa realizada em áreas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no estado do Rio de Janeiro com a finalidade de compreender as concepções acerca do processo saúde-doença-cuidado implicadas no conhecimento sobre plantas medicinais. Utilizou-se entrevistas semi-estruturadas e observação participante a fim de identificar as “palavras-geradoras” com significado profundo para a compreensão da Medicina Popular praticada pelos Agentes de Cura. Com isso, buscou-se analisar os elementos constituintes desse sistema médico não formal, bem como a percepção do mesmo no interior da “situação-limite” vivida pelos trabalhadores rurais assentados, e a tentativa de sua superação por eles próprios. Observou-se que a Medicina Popular possui função singular na percepção das relações entre condições de vida e o processo saúde-doença-cuidado. Ao articular questões mais amplas, superando a ênfase na doença em seu plano individual, contempla discussões e intervenções nas necessidades de saúde do grupo em questão.
É fundamental para a Saúde Pública buscar compreender as reflexões dos diversos grupos sociais sobre o processo saúde-doença-cuidado e, mais especificamente, sobre os usos dos recursos terapêuticos disponíveis, uma vez que isso influencia consideravelmente as opções terapêuticas feitas. A mediação entre saberes é urgente e delicada. Ampliar os espaços de diálogo entre profissionais e usuários de serviços, além de articular os diferentes conhecimentos, torna-se essencial.