Tribuna

Abstract

Meu primeiro encontro com o Prof. Victor Vicente Valla deu-se no Depto de Endemias da FIOCRUZ, após sua aula, em 2003. Conversamos em sua sala, onde, generosamente, falou sobre si mesmo e sobre o CEPEL. Falou-me de sua formação católica, da teoria que desenvolveu na década de 80-90 de que não existia um movimento popular em recuo. “Na nossa avaliação, nunca as classes populares deixaram de se organizar. Começamos a interpretar o movimento de defesa e de solidariedade entre si. Começamos a dar importância aos movimentos religiosos” (entrevista à autora)1. Em 1995 e 1996, fez pós-doutorado na Califórnia para estudar mais a fundo a categoria de “apoio social”: “ à medida que um determinado grupo de pessoas percebe que conta com um apoio sistemático, essa percepção, do apoio, faz bem à saúde” (entrevista à autora)1. Quando voltou do pós-doutorado, começou a traduzir essa categoria para a religião: as igrejas estavam dando esse apoio, especialmente as evangélicas e pentecostais.2 Esse olhar atento aos movimentos, a percepção das iniciativas populares, é um olhar com que podemos ampliar nossa compreensão sobre a pobreza.