Epidemiologia de portadores de hanseníase no Mato Grosso entre 2015 e 2019
Palavras-chave:
Epidemiologia, Hanseníase, IncidênciaResumo
A hanseníase caracteriza-se como um problema de saúde pública. Dos 40.474 casos novos registrados em 2010 nas Américas, 93% foram notificados no Brasil e o Centro-Oeste apresentou as maiores taxas de prevalência dos últimos quatro anos. Faz-se necessário compreender as condições envolventes e determinantes dessa doença na população para nortear os gestores nas medidas públicas combativas. Este estudo objetiva caracterizar o perfil dos pacientes com hanseníase, entre 2015 e 2019, no Estado de Mato Grosso (MT) para a construção de indicadores epidemiológicos seguros. Trata-se de um estudo transversal descritivo. Coletou-se dados no Sistema de Informação e Agravos de Notificação de acometidos por hanseníase, entre 2015 e 2019, no MT. Notificou-se 22.508 casos de hanseníase no MT no período. O ano de 2018 destacou-se pelo maior número de acometidos (24,6%), seguido por 2019 (24,44%). A maioria dos indivíduos era do sexo masculino (51,34%), pardos (55% das notificações) e estava na faixa etária entre 20 e 59 anos (71,89%). Aproximadamente 73% apresentaram a forma clínica dimorfa, mais de 90% foram classificados como multibacilar e 36,39% apresentaram incapacidade ao diagnóstico. 58,48% obtiveram alta por cura; 3,5% apresentaram recidiva e 0,94% faleceram em decorrência da doença. Destaca-se o grande impacto socioeconômico da hanseníase no estado, evidenciado pelo acometimento da população economicamente ativa, além da taxa de cura relativamente baixa, ademais, mais de 1/3 dos pacientes apresentaram algum grau de incapacidade ao diagnóstico, possivelmente por debilidades dos sistemas de saúde na garantia do diagnóstico precoce e do tratamento. Os indivíduos do sexo masculino, pardos, entre 20 e 59 anos, com baixa escolaridade e afetados pela forma dimorfa são os mais acometidos. É necessário aprimorar políticas públicas que visem ações de prevenção e tratamento precoce da hanseníase, pois, além dos prejuízos físicos, muitas vezes incapacitantes, acarretam altos custos para os serviços de saúde e à economia do país.