Troncos caídos na serrapilheira de mata: “microhabitats” que promovem diversidade

Resumo

Em todo o mundo muito pouco se sabe sobre um grande número de microhabitats discretos ou efêmeros como troncos, fezes, carcaças, frutos e abrigos sob rochas. Alguns estudos têm elucidados os mesmos como importantes locais para a manutenção da biodiversidade de invertebrados. No intuito de auxiliar no entendimento do funcionamento e estrutura das comunidades nestes ambientes, foram analisados os invertebrados associados a troncos caídos em meio a uma floresta urbana. Parâmetros físico-químicos, como
rugosidade da casca, volume de matéria orgânica particulada, umidade e matéria orgânica da madeira, também foram mensuradas em todos os locais de coleta. Foram amostrados 12 fragmentos de 4 troncos caídos, onde se coletou 3.016 indivíduos distribuídos em 128 morfoespécies das ordens Nematoda, Oligochaeta, Tardigrada, Isopoda, Pauropoda, Symphyla, Polyxenida, Diplopoda, Acari, Araneae, Opiliones, Pseudoescorpiones, Protura, Collembola, Blattaria, Ensifera, Dermaptera, Isoptra, Embioptera, Psocoptera, Thysanoptera,
Heteroptera, Homoptera, Coleoptera, Lepidoptera, Diptera e Hymenoptera. A riqueza de espécies relacionou-se negativa e
significativamente com o diâmetro do cerne (Rs = -0,84; p<0,00), com o comprimento do cerne dos troncos caídos (Rs = -0,84; p<0,00), com o volume de madeira particulada (Rs = -0,87; p<0,02) e com a porcentagem de matéria orgânica da madeira particulada (Rs = -0,81; p<0,04). Além de mostrar uma relação positiva e significativa com a rugosidade na casca; (R2 = 0,78; p<0,02). Devido à presença de um mosaico de condições entre troncos em decomposição na serrapilheira estes podem abrigar uma grande diversidade de fauna de
invertebrados, e por isso são importantes fatores na promoção e manutenção da diversidade nos solos de matas.