Entre a realidade e o assombro

As distopias literárias de Ignácio de Loyola Brandão

Resumo

Partindo da constatação da significativa popularidade adquirida pelas narrativas distópicas, especialmente quando dentro contextos de crises políticas e sociais como o atual, este artigo pretende lançar luz sobre o entendimento das relações que se estabelecem entre a imaginação distópica e a realidade sócio-histórica em que esta se produz. Neste sentido, observamos as distopias literárias do escritor brasileiro Ignácio de Loyola Brandão em sua radicalização de aspectos do próprio mundo histórico do autor. O argumento é de que os medos e assombros que povoam o imaginário social de uma época, em determinada sociedade, funcionam como uma espécie de referência para a efetivação distópica ficcional, transfigurando, no universo da ficção, as características próprias daquela sociedade através da caricatura de seus elementos e da hiperbolização dos seus mecanismos e dinâmicas. As distopias formulam, assim, uma crítica singular ao seu presente histórico.