O estatuto epistemológico da linguística textual em três manuais de linguística brasileiros

Autores

Palavras-chave:

Linguística Textual, Texto, Epistemologia, Manual, Formação teórica

Resumo

Este artigo analisa como três capítulos de manuais brasileiros – Bentes (2000), Oliveira (2008) e Tatit (2002) – apresentam a Linguística Textual (LT), considerando seu perfil epistemológico heterogêneo. Com base em Pinheiro et al. (2025), parte-se da premissa de que a LT abriga múltiplos quadros teóricos, nem sempre compatíveis. Identifica-se que Bentes e Oliveira adotam concepções “integradoras” de texto, articulando referenciais distintos sem recuperar os limites entre seus corpos de conhecimento, o que resulta na naturalização do objeto texto e em hierarquizações implícitas. Tatit localiza a exposição na Semiótica greimasiana, conferindo coerência teórica, mas silenciando a diversidade do campo. Os três capítulos, portanto, não captam integralmente a complexidade da LT, o que pode comprometer sua apropriação crítica pelo alunado. Defende-se a necessidade de revisitar a apresentação da LT nos manuais, respeitando sua heterogeneidade e preservando a fidelidade epistemológica.

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Publicado

2025-12-26