Ensino de Português para não nativos: multidimensionalidades da prática e da formação docente
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-2243.2021.v25.35649Resumo
Embora a demanda pelo ensino de Língua Portuguesa a falantes de outro idioma (sob a designação de língua de herança, de acolhida, entre outras) venha se intensificando, poucas universidades brasileiras oferecem graduação específica para esta modalidade. Assim, as ofertas de cursos a não nativos se dão no bojo de ações de extensão, com menor grau de institucionalização (de registro acadêmico, certificação, etc.), mas com resultados satisfatórios. Neste artigo, discute-se o trabalho desenvolvido durante cinco semestres, numa universidade comunitária mineira, em cursos de LP para estrangeiros (PLE), a turmas constituídas por intercambistas (como uma das ações de internacionalização da instituição) e para imigrantes residentes no entorno do campus. Tais ações constituem o tema dos relatos de dez monitores (7 da graduação e 3 do Programa de Pós-graduação) do curso de Letras, sobre os impactos a sua formação profissional e pessoal neste curso (cf. Furtoso, 2015; Ribeiro, 2020). Na análise dos relatos, explicita-se a discursivização, feita por essas jovens vozes, das representações sociais (cf. Moscovici, 2003) sobre identidade docente em construção e do valor da formação teórico-prática em trabalho coletivo e orientado. Conclui-se que, apesar dos desafios encontrados, o curso de PLE mobilizou e ajudou a desenvolver, nos envolvidos, uma série de competências – éticas e políticas, mas também técnicas e práticas – referentes ao métier docente.