Quem me dera uma análise sintática para as expressões temporais fixas
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-2243.2021.v25.35477Resumo
Dentro de uma abordagem formal, há poucos estudos sobre o funcionamento das expressões idiomáticas no português brasileiro. Dentro desse contexto, o presente trabalho tenta reduzir tal carência, analisando algumas expressões fixas condicionadas a um determinado tempo verbal, como é o caso de a Deus dará, será o Benedito, quem me dera, tomara, para citar algumas. Ancorados nos pressupostos da Morfologia Distribuída e argumentando contra a análise funcional de Fulgêncio (2008), mostramos que, muito embora tais expressões tenham um significado não composicional especial, elas não precisam ser armazenadas no léxico como tal, uma vez que sua derivação ocorre como qualquer estrutura morfossintática do português brasileiro – sua interpretação “especial” é desencadeada por instruções contextuais presentes em um componente da arquitetura da gramática, a Enciclopédia. Adicionalmente, trazemos evidências independentes para nossa proposta que resvalam na aquisição de L1, L2 e em perspectivas diacrônicas do português brasileiro.