O discurso anti-gênero

Vaticano, Queermuseu e a CPI dos maus-tratos

Resumo

O presente artigo argumenta que a associação de exposições de arte com pedofilia no âmbito da CPI dos Maus-Tratos, visavam barrar direitos sexuais e reprodutivos, mobilizando pânicos morais. Inicialmente, construo uma breve contextualização sobre a exposição Queermuseu e a performance “La Bête”, buscando demonstrar as polêmicas envolvendo ambas e como tais exposições de arte acabaram se tornando matéria da CPI dos Maus-Tratos. Após, realizo uma genealogia do discurso anti-gênero, apontando o Vaticano como principal articular de uma cruzada contra direitos sexuais e reprodutivos. No contexto nacional, demonstro os paralelos entre a CPI dos Maus-Tratos e a CPI da Pedofilia, principalmente na figura institucional do presidente das Comissões. Por fim, busco demonstrar, a partir das leis, como as acusações contra as exposições eram infundadas. Para atingir tais objetivos, metodologicamente, foi realizada uma pesquisa qualitativa, através de análise de conteúdo e análise do discurso. Como objetos empíricos, foram analisados os arquivos de filmagens da CPI, notas taquigráficas das reuniões e requerimentos.