O Silêncio do som

a música de vanguarda e o budismo Zen

Autores

  • Leonardo Stockler PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.34019/2237-6151.2019.v16.27925

Palavras-chave:

John Cage, zen budismo, vanguarda, silêncio, história da arte

Resumo

Este artigo procura interpretar os usos dados à experiência transcendental do budismo Zen, o satori, no contexto da música de vanguarda do compositor americano John Cage. É possível dizer que um dos grandes temas e pesquisas de sua obra, e de sua vida, é o silêncio. Na criação de um espaço de escuta aberto para a espontaneidade, pelo qual se permite a “escuta” do silêncio, Cage redefiniu para si novos meios e formas para lidar com a organização do material sonoro, estruturando-o a partir do acaso. O Zen servirá, para Cage, como justificativa teórica capaz de evocar o Outro da sociedade na qual se encontra, a ser incorporado em seu método composicional – um método que tenciona borrar as fronteiras entre a arte e a práxis vital, e formular uma crítica à categoria de “obra”, na esteira daquele que seria, por excelência, o projeto das vanguardas históricas.

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Publicado

2020-02-28

Como Citar

STOCKLER, L. O Silêncio do som: a música de vanguarda e o budismo Zen. Sacrilegens , [S. l.], v. 16, n. 2, p. 144–165, 2020. DOI: 10.34019/2237-6151.2019.v16.27925. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/sacrilegens/article/view/27925. Acesso em: 18 abr. 2024.